“Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: Vocês entendem o que lhes fiz?” (João 13.12)
Os discípulos devem ter ficado perdidos quando Jesus, sem aviso, usou uma toalha como avental, pegou uma bacia, colocou água e, como era de se esperar que um escravo fizesse com o dono da casa e seus convidados, começou a lavar os pés dos discípulos. Pedro tentou resistir, mas o Mestre não permitiu. Um a um, todos tiveram seus pés lavados por aquele cujos pés deveriam lavar. Eles, que algumas vezes gastaram tempo discutindo sobre quem seria o mais importante, viram seu Mestre servindo de forma tão humilde e dedicada, fazendo o que nenhum deles estava disposto a fazer. E, certamente, fazendo com dedicação e zelo, cuidadosamente segurando e lavando cada pé empoeirado de seus orgulhosos discípulos. Ninguém jamais serviu como Jesus.
“Vocês entenderam o que lhes fiz?” Silêncio. O que responder ao Mestre? Como entender algo que estava tão distante de seus corações? Não somos muito diferentes deles. Nada entendemos sobre servir, sobre amar e também não entendemos nada sobre adorar. Transformamos o culto a Deus em liturgia, numa sequência de coisas que fazemos no tempo. Coisas carregadas de nosso gosto pessoal, comprometidas em nos agradar muito mais do que a Deus. Mas defendemos nosso gosto como se fosse o dEle, e brigamos por isso! Facilmente nos esquecemos de que a fé cristã é a fé do ser, da atitude amorosa, do amor ao próximo, do serviço sem segundas intenções. Não entendemos a grandeza de servir, pois ainda pensamos com mentes velhas e corações duros. O Reino de Deus chegou, mas o reino dos homens ainda tem muito espaço em nosso interior. Ele precisa ser desalojado.
Precisamos nos comprometer com os frutos do arrependimento, escolhendo ser humildes e, pela fé, obedientes. Precisamos fazer o que Jesus nos pediu e servir, cuidar, perdoar, acolher, amar e levar as cargas pesadas uns dos outros. O Reino de Deus são relacionamentos e atitudes à moda de Deus. E quanto mais agirmos como gente do Reino, mais seremos gente do Reino. Seremos transformados pela obediência e pela submissão. Não adianta saber a resposta certa, conhecer os textos bíblicos, ter experiências na estrutura da igreja ou saber como lidar com as burocracias eclesiásticas. O que tem valor mesmo é ser uma pessoa nova e em constante renovação, pelo poder do amor de Deus agindo em nós e nos levando a ama-lo mais que a tudo e ao próximo, como a nós mesmos. Só de toalha na cintura e bacia na mão é que entenderemos o que Jesus fez, e tudo mais!