Tinha uma aparência fina e boa índole, feições marcadas pela leitura de processos complexos da justiça, com muitas horas de reflexão. Não precisava de tanto, mas ele era assim.
Usava o dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza; poder tinha, mas usava com sabedoria no seu ofício de juiz, teve tristezas ao longo da vida, que aguentou firme e com coragem.
Muitos recebem com a mão suja os bens mais excitantes e tentadores da vida, mas ele permaneceu junto a sua família, com seus livros e seus processos e sua ética, era o que dava sentido à sua vida.
Colocava o bem coletivo à frente de seus prazeres. Muitas vezes testemunhei datilografando sentenças na sua máquina Olivette até altas horas da noite.
Sua bússola interna era voltada para o justo e verdadeiro. Nunca se cansava de pensar em conquistar um futuro melhor e suas palavras e pensamentos não se referiam a nada mais que a coisas relacionadas com o trabalho e a família.
O relógio do mundo parou de bater para ele no dia 01.05.2018, mas permanece com sua família, que segue adiante, na cadência de seus ensinamentos de vida.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.