Orar

Assistir uma reportagem da Sra. Ana, de oitenta e sete anos, viúva, com o rosto marcado pelo tempo e pela pobreza, estava em São Paulo vendendo iguarias do Pará, onde mora, em um povoado a 90 km de Belém, sozinha, apanhada de surpresa com as restrições das viagens pela covid e após três noites na rodoviária, ficou em um abrigo por sessenta dias.

Estava longe de suas pequenas alegrias, sua rede, sua vizinha querida, seu cantinho no mundo, mas perto da ligação com suas orações que colocava seu coração em contato com correntes de palavras iluminadas. A oração é este olhar para dentro, no qual o desespero de estar a 2700 km de casa, sozinha e octagenaria, desaparece e existe a comunhão com o sagrado que existe em todos nós, basta fazer está ponte.

Os seus  instinto queriam o retorno, mas a fé que tem como combustível a oração aliviou a ansiedade na solução do problema. Não esperava o imprevisto, com está idade, pensava ter aprendido a viver, no entanto, com a pandemia, a vida mudou e descobriu que estava cercada de novos desafios.

A terra humilde que mora, onde tem sua rotina previsível e a noite no seu povoado que tanto ama, será sempre a mesma com as casinhas em fila à margem de ruas esburacadas, sempre alumiadas por lanternas que tem um efeito triste comparado com a grande metrópole que é São Paulo.

Ali o certo e errado da rotina do seu pequeno povoado ficavam mais abstratos e menos nítidos e apesar de já ter vivido mais de oitenta anos percebia que na vida,na idade,de tudo o que importava era a oração, e a fé no criador e isto ela valorizava enormemente no meio de suas escolhas e seus hábitos que não tinha espaço para idéias de consumo, de luxo ou dinheiro.

Retornou feliz ao local de poucos recursos, onde era digna, era bem sucedida, onde ouve as estrelas e os pássaros e consegue dar de se com o coração aberto.

Lembro sempre está frase ” Se tiveres a fé de um grão de mostarda, pela oração, ela removerá montanhas e obstáculos.