Operação Alquimia: advogado de empresário diz que prisão foi “ilegal” e “desproporcional”

Em carta, empresário diz que não estava foragido e nem se negou a prestar esclarecimentos

O advogado do empresário Paulo Cavalcanti, Gamil Föppel, disse na tarde desta terça-feira (23) que a prisão do seu cliente pela Operação Alquimia foi “ilegal” e “desproporcional”. Segundo Föpel, em todos os anos de investigação Cavalcanti nunca foi chamado para prestar esclarecimentos. A Operação Alquimia, realizada pela Receita e pela Polícia Federal, investiga sonegação fiscal de empresas que teria chegado a R$ 1 bilhão.

Cavalcanti, que é um dos donos da empresa Sasil, foi preso nesta segunda-feira, depois de desembarcar no Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães. Hoje, ele prestou depoimento na Polícia Federal e depois foi transferido para o Complexo Penitenciário da Mata Escura. Cavalcanti está preso devido a um pedido de prisão preventiva que se encerra no domingo.

O habeas corpus pedido pelo advogado foi negado pela Justiça na sexta-feira e agora a defesa aguarda o julgamento do mérito da questão. Segundo o advogado, enquanto a Justiça não havia negado o habeas corpus Cavalcanti não podia ser considerado foragido,

Em carta divulgada pelo advogado, o empresário diz que nunca esteve foragido e nem tentou evitar esclarecimentos sobre as questões. Segundo o empresário, ele viajou com a família de férias e saiu do país sem qualquer restrição no embarque há dez dias. “Voltamos na data prevista, de livre e espontânea vontade, e estamos prontos para apoiar a investigação que injustamente nos atingiu”, diz a carta.

No texto, Cavalcanti ainda diz que nunca teve “ligação societária ou pessoal com empresas sonegadoras”. Segundo o empresário, tanto a Sasil quanto sua empresa, a Varient, são “100% auditadas e que prezam pela transparência nas suas contas”. O empresário assume que teve relações comerciais com empresas citadas ina inevstigação, mas diz que isso “não traz nenhuma imputação legal a minha empresa”.

Cavalcanti, que seria o dono da ilha confiscada pela Operação Alquimia, diz ainda que não tem vergonha do seu patrimônio, que é “fruto de muito suor”. A ilha de 20 mil metros quadrados na Baía de Todos os Santos é avaliada em R$ 15 milhões.

Operação Alquimia

Deflagrada pela Receita Federal (RFB), Polícia Federal e o Ministério Público Federal no último dia 17, a operação prendeu 24 pessoas, 16 delas em Salvador – 17 agora com Paulo Cavalcanti. Segundo a TV Bahia, somente 4 permanecem presas. Os presos podem ser indiciados por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

A investigação inclui dez empresas do grupo baiano Sasil, um dos principais da área química do país, presente em 12 estados. Uma dessas empresas, que tinha como sócios um pedreiro e um motorista, provaveis laranjas, movimentou R$ 32 milhões entre 1996 e 2009, segundo a Folha Online.

Na ilha que foi confiscada na Baía de Todos os Santos, foram apreendidos 2,4 kg em barras de ouro e barras de prata, em um cofre, quinze jet skis, duas armas, quadriciclos, barco à vela, além de motos e carros de luxo. Por conta do grande número de itens de luxo, ela foi apelidada pelos policiais de “ilha do tesouro”, além de algumas armas como um fuzil e uma pistola de uso restrito das Forças Armadas, além de farta munição.

Confira a íntegra da carta divulgada hoje pelo advogado do empresário:

“Senhoras e senhores,

Tendo em vista a avalanche de acusações absurdas referentes a minha pessoa, minha empresa e meu patrimônio, venho por meio desta informar que nunca estive foragido nem procurei me furtar a esclarecer quaisquer dúvidas. Estava em viagem de férias com minha família, e deixamos o país sem qualquer restrição quando de nosso embarque, há 10 dias – antes portanto da emissão das medidas cautelares que vinham sendo preparadas em sigilo. Voltamos na data prevista, de livre e espontânea vontade, e estamos prontos para apoiar a investigação que injustamente nos atingiu.

Jamais tive ligação societária ou pessoal com empresas sonegadoras, off shore ou não. A Sasil e a Varient são empresas 100% auditadas e que prezam pela transparência nas suas contas. Não chegamos até aqui com nada além de uma visão empreendedora, somada ao trabalho de todos aqueles que estiveram ao meu lado durante todo este tempo. Tivemos, sim, relações comerciais de compras e vendas diversas, na década de 90, com algumas das empresas citadas no caso. Fato que não traz nenhuma imputação legal a minha empresa, por tratar-se de uma distribuidora comercial.

Meu patrimônio pessoal é fruto de muito suor, dedicação e não me envergonho dele. Ao contrário, tenho orgulho de ser um empresário de sucesso em um país com tantos entraves para o desenvolvimento do empreendedorismo”.

Muito obrigado a todos”.

Paulo Sergio Cavalcanti

Presidente da Sasil Comercial e Industrial de Petroquímicos Ltda e da Varient Distribuidora de Resinas Ltda


Fonte: Correio da Bahia

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