“Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá, pegou-o e sacrificou-o como holocausto em lugar de seu filho.” (Gênesis 22.13)
Abraão obedeceu. Isso mudou tudo. Ele não precisou sacrificar Isaque porque já o havia sacrificado em seu coração. Anaïs Nin afirmou que não vemos a vida como ela é, mas como nós somos. É difícil não concordar. Tendo obedecido, Abraão mudou. A obediência nos muda! E mudado, a visão que Abraão tinha da vida mudou. Ele já não veria as coisas como via antes. Ele já não veria algumas coisas que antes via e passaria a ver o que antes não via. Após obedecer Abraão ergueu os olhos e viu. Havia um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Sempre me pergunto há quanto tempo aquele carneiro estava ali. Suspeito que não se prendeu após a obediência e desconfio que foi a partir daí que Abraão pode vê-lo. Suspeita e desconfiança didáticas.
A grande benção da fé cristã, a verdadeira benção, está em quem nos tornamos por causa de nossa relação com Deus. Não se trata de ganhar coisas, não se trata de ter pedidos atendidos. Essas coisas tem seu valor e precisamos delas. Mas o tempo as leva de nós, de alguma forma. Mas quem nos tornamos o tempo não leva, ao contrário, confirma! É algo perene. Essa foi a bênção recebida por Abraão. Mas foi necessário obedecer. O temor a Deus precisou sair do coração e manifestar-se nas mãos, nos pés, na fala e nas atitudes do patriarca.
O quanto já temos mudado em por causa de nossa relação com Deus. Isso bem certamente está relacionado com quanto temos obedecido a Deus. As vezes ficamos muito animados e alegres diante dos favores de Deus. E temos mesmo que ficar. Mas na semana seguinte, continuamos vendo a vida e vendo na vida o que sempre vimos. E continuamos agindo e reagindo como sempre agimos e reagimos. Precisamos de algo mais. Precisamos de uma espiritualidade mais viva e transformadora. Precisamos seguir os passos de Abraão. Que nosso temor se revele em obediência. Que a obediência nos transforme. Que a vida fique nova aos nossos olhos e nós, novos aos olhos dos outros.