Em um país que impõe leis rígidas para as mulheres sobre o uso de hijab, em público, que é o conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica. No Islã, o hijab é o vestuário que permite a privacidade, a modéstia e a moralidade, ou ainda “o véu que separa o homem de Deus”. As imagens que definem o Irã hoje são de estudantes gritando “liberdade”, tirando os lenços da cabeça e mostrando seus cabelos. Penso na nossa incapacidade de entender esta cultura, é que faz com que eu, por instinto de… de quê? Procure um modo de escrever que me leve mais depressa ao entendimento.
Esta cultura, já foi chamada de várias coisas, “barbárie”, “idade média”, “terroristas”, mas não do que realmente e apenas é: uma cultura diferente. Procuro ter humildade. Quando falo de humildade, não me refiro a humildade no sentido cristão; refiro-me à humildade que vem da plena consciência de ser realmente incapaz. E refiro-me a humildade como técnica. Humildade como técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da cultura islâmica é que podemos tentar entender tanto atraso no século XXI. O mundo não conhece a si próprio. Estamos tão atrasados em relação a nós mesmos. A posteridade existe e estas meninas querem um novo futuro, acredito após viver neste mundo com o conceito de modernidade líquida que foi desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e diz respeito a uma nova época em que as relações sociais são frágeis devido ao acesso a teia global da Internet.
Pode até ser que a corda da sensibilidade do regime do Irã seja menos vibrante na lira do que na nossa, mas tudo hoje é interligado e a insensibilidade é vista em todo o mundo. Aqui no escritório olhei em volta, para a estante de livros. Nomes e títulos pularam diante de mim de dezenas, se não centenas, de capas, mas nenhum deles leva a um entendimento das complexas relações humanas no mundo.