O Sol

O Sol

O nascer ou o por do sol, como o da ponta do Humaita ou do Farol da Barra, é uma visão à qual é difícil se acostumar. Não que pareça surpreendente, pois eu sei que o sol nasce todas as manhãs e a luz que emana dissipa a escuridão na aurora, mas porque acontece de inúmeras formas distintas e em mim desperta um sentimento fundamentalmente bom.

O importante é a transição. Não há luz do sol imóvel que se espalha acima do horizonte, mas o reflexo dessa luz nos minutos anteriores, quando se revela como uma franja pálida em meio à escuridão da noite, tão fraca que nem ao menos parece ser luz, mas apenas uma espécie de enfraquecimento da escuridão.

Por meio desse fenômeno, que ocorre todos os dias da nossa vida, também compreendemos a nós mesmos. A aurora é sempre um começo, assim como o crepúsculo, seu oposto, é sempre um fim, e quando sabemos que praticamente em todas as culturas a escuridão representa o mal e a morte, enquanto a luz representa o bem e a vida, essas duas zonas de transição entre noite e dia transformam-se em manifestações do grande drama existencial em que estamos presos. Pois a regra é o escuro e a luz é exceção, como a morte é a regra e a vida é exceção.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui