“Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.” (2 Coríntios 4.18)
Paulo, ao falar sobre fixar os olhos naquilo que não se vê, está se referindo às realidades espirituais, aos valores intangíveis da vida. Vemos a criação mas não vemos o Criador, e devemos amar mais ao Criador do que à criação. Vemos as coisas materiais mas não vemos as espirituais, e devemos dar mais atenção e valor às espirituais que às materiais. Como fazer isso?
Precisamos escolher e ser intencionais para que nossos olhos se fixem naquilo que não se vê. Precisamos diariamente ir além do mundo humano e viver em sintonia com o Reino Divino. Isso não acontece por acaso, é uma escolha. Precisamos escolher onde fixaremos nossos olhos. Também nossos relacionamentos e nossa vida familiar representam esse mundo invisível. Eles precisam de nosso cuidado e atenção intencionais e não apenas ocasionais.
Fixar os olhos significa dar atenção, cuidar, priorizar, valorizar. Precisamos aprender a valorizar o que não pode ser visto, o que não faz parte do que nossa sociedade valoriza e procura vender como se fosse ouro. Caso contrário seremos seduzidos o tempo todo por aquilo aquilo que nos roubará o que verdadeiramente queremos e precisamos. O invisível é o que nos inspira as atitudes mais sustentáveis, as melhores. Se ele não estiver presente em nossas perspectivas, se formos dominados apenas pelo que podemos ver e contabilizar, acabaremos como seres humanos pobres, independente de quanta riqueza conseguimos acumular.
Se queremos fixar nossos olhos no que não se pode ver, precisamos orientar nossa agenda para esse lugar invisível. Precisamos separar tempo para estar com Deus, para servir necessitados e desfrutar comunhão com pessoas que buscam o mesmo. Precisamos assumir responsabilidades espirituais. Aquelas às quais nos dedicaremos, não para ganhar algo, mas para doar. Não para sermos reconhecidos, mas para ajudar outros a crescerem. Não para nos sentirmos grandes, mas para aprendermos a ser servos.
O que vemos é transitório, por mais que pareça eterno. O que vemos, por fim, perderá o valor. Não poderemos levar conosco para sempre. O que vemos ficará para trás. O que não vemos é que é eterno. E seguirá conosco. O que não vemos pode nos transformar. O que vemos alimenta o ter, o que não vemos alimenta o ser.
Que em nossos dias, o que não vemos receba mais atenção e pese no modo como lidamos com a vida. E se for assim cresceremos em amor, bondade, alegria, mansidão e domínio próprio. Como afirmou Albert Einstein, nem tudo que conta pode ser contato; e nem tudo que pode ser contado, conta.