“Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá. E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados. Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está no céu não perdoará os seus pecados.” (Marcos 11.23-26)
No capítulo onze de Marcos, vemos Jesus diante de um mundo às avessas. Somente suas palavras são verdade, embora estranhas. Ele manda os discípulos pegarem um jumentinho e dizer aos donos que Ele está precisando, mas depois devolverá. Os discípulos obedecem e acontece exatamente o que Jesus disse. Em seguida, uma multidão o exalta, mas apenas da boca para fora, esperando que fosse o que Ele não se propôs a ser: um líder político. Há um desencontro entre e a voz e o coração da multidão. Jesus tem fome, mas não é tempo de frutos e Ele amaldiçoa a figueira. Há um desencontro entre necessidade e provisão no funcionamento do mundo. No dia seguinte, ao entrar no templo de Jerusalém, que deveria ser um lugar de oração, Jesus encontra um mercado onde buscava-se lucrar e não um casa de oração onde se devia adorar. Tudo está fora de lugar, então Jesus fala-lhes da fé e do coração.
Há um poder para enfrentar a vida num mundo fora do lugar: a fé. Mas ela exige um coração equivalente. Se podemos crer num Deus que pode fazer o impossível, devemos também nos moldar ao coração desse Deus. Se posso mover montanhas com minha fé, devo também perdoar como sou perdoado. Com grande entusiasmo tendemos a nos aventurar na fé, mas temos muita dificuldade com o perdão. A fé que move montes nos exalta, mas o perdão a quem nos ofende nos humilha. Mas, seria possível tamanha fé sem tamanha humildade? No cristianismo o poder e a graça andam juntos. A fé e o amor que perdoa. Talvez jamais creiamos para mover montanhas, mas, se quisermos, podemos perdoar como somos perdoados. Quem sabe não é por falta de perdão que nossa fé se enfraquece?