“Ó Deus, não te emudeças; não fiques em silêncio nem te detenhas, ó Deus.” (Salmos 83.1)
O pior dos silêncios para a alma crente é o silêncio de Deus. Não nos incomoda (e até nos sentimos aliviados) quando Deus fica em silêncio enquanto estamos escolhendo fazer o que lhe desagrada. Gostamos do respeito que Deus tem por nossa possibilidade de escolher, inclusive escolher a desobediência. Mas, definitivamente, não temos muita disposição para respeitar quando Deus escolhe manter-se em silêncio, nada fazendo (ou parecendo nada fazer) diante de nossa aflição. “Deus, onde estás que não respondes”, grita nossa alma!
Na história há alguns “onde Deus estava quando” que tem servido de alimento à descrença. Mas, teria Deus, de fato, a obrigação de manifestar-se sempre, sob pena de receber nossa descrença? Seu silêncio não justificaria plenamente nosso afastamento e indignação? Há argumentos e defensores para o “sim” e para o “não” como respostas a estas importantes questões. Mas a fé cristã não é a fé num Deus que responde, mas a fé no Deus que ama. Mas, se ama, como não responde? É que Deus os ama de modo novo, estranho a nós, sem precedentes.
Deus nos ama de um jeito que não sabemos ser amados. Nossas relações de amor são manipuladoras. Deus não entra nesse jogo, Ele ama como Ele é, de forma perfeita. Ele nos ama com critérios que nos escapam e nossa possibilidade é confiar no amor divino. Seja em silêncio, concordando ou contrariando nossa vontade, somos desafiados a crer que Ele está fazendo o melhor, ainda que desagradável. Para alguns crer assim é uma fuga, uma cegueira. Para mim, é um encontro dos mais reais e saudáveis com a vida. É a mais clara visão possível nesta vida confusa.