O pão, nosso!

“Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.” (Mateus 6.11)

O pão, na oração, não pode ser meu. Precisa ser nosso. Orar ao Deus de Jesus terá sido uma experiência verdadeira se nos capacitar mais a “calçar os sapatos do outro” e partilhar. A ser menos egoístas e individualistas e nos lembrar mais do nosso irmão, do nosso próximo. Gosto muito das palavras do salmista: “Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.” (Sl 103.13-14) O Deus revelado por Jesus em Sua vida e em Sua oração é um Deus que se importa com a vida e necessidades dos homens. Que deixou o céu e veio intervir na fome que há por aqui. Fome de tantos tipos, inclusive de pão. Que encontra-se comigo, na minha individualidade e pessoalidade, para levar-me a viver para além de mim mesmo. Ele me supre para que eu seja mais capaz de pensar em você.

Deus sabe do que sou feito. Das experiências que me moldaram. Pontos fortes e fracos. Ele sabe onde meu sapato aperta, conhece intimamente a beleza e a dor da minha história. Minhas virtudes e vícios. As minhas, as suas e as de todos. Em Cristo, Ele veio a nós como alguém que não tinha onde reclinar a cabeça. Foi mais pobre que as raposas e as aves. Elas têm covil e ninhos, mas Ele nada teve. Ele não reagiu à escassez com dureza ou insensibilidade. Foi compassivo e manso. Veio por amor e amou. Amou até o fim! Porque somos fracos no amor, somos duros e insensíveis. Mas Deus não é! O nosso cotidiano e básico importam para Deus e uma de nossas tragédias é incluí-lo apenas no eventual e no espetacular. O pão de cada dia precisa ser incluído em nossa oração. Precisamos aprender a lidar com a vida em comunhão com Deus, em todas as coisas. Mesmo naquelas que pensamos ser capazes para resolver sozinhos. Deus não é um prestador de serviços. Ele se fez nosso amigo!

O pão de cada dia representa todos os aspectos materiais de nossa vida. Devemos reconhecer a Deus como nosso provedor. Fizemos do mundo um lugar de escassez e, por isso, um lugar de tão pouca alegria e satisfação. Sem Deus seremos vítimas da escassez deste mundo, ainda que não nos falte pão. Mas com Deus seremos resposta a ela. Pois não podemos pedir por nossas necessidades e contribuir com a escassez, sendo gananciosos e egoístas. O Evangelho que nos ensina a olhar para cima e confiar na provisão de Deus nos manda olhar ao lado e suprir a necessidade do irmão. Nas Mãos de Deus o pouco que temos alimenta a muitos! Se cremos que Deus se importa, devemos nos importar. Se cremos que Deus nos dá, devemos ser doadores. A experiência de orar não deve nos desligar da terra. Ao contrário, deve nos enviar ao mundo como sinais da presença do Deus que se importa!

 

ucs

 

 

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