“Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto.” (2 Coríntios 4.3)
Paulo foi profunda e irrevogavelmente impactado pelo evangelho de Cristo, ao ponto de chama-lo de “seu”. “O evangelho de Cristo é também o meu evangelho”. “Já não sou eu mais quem vive, mas Cristo é quem vive em mim”. Ele, que antes era um separatista judeu, um fariseu narcisista que desconhecia e rejeitava tudo que não lhe parecesse judaísmo, caiu do cavalo diante de Cristo, perdeu o rumo por causa da palavra de Cristo e ficou cego diante da manifestação de Cristo. Mas tudo isso teria o efeito de coloca-lo de pé, dá-lhe nova direção e capacitá-lo a ver a vida como jamais havia visto antes. Resultado: o evangelho ganhou a dimensão do “nosso” em sua vida.
A fé cristã não é fé individual. Quem procurar vive-la assim, quem pretender formar um grupo de iguais para pratica-la, quem se afastar de outros porque não lhe agradam ou são diferente, pisará em terreno estranho ao evangelho. Ele é o evangelho da reconciliação, não da uniformização. É o evangelho do “uns aos outros” e não do “cada um por si e Deus por todos”. Deus une-se a nós embora sejamos diferentes dele. Ele nos manda levar as cargas uns dos outros, cuidar um dos outros, servir uns aos outros, orar uns pelos outros. É a fé do “corpo de Cristo”, dos membros de Cristo diferentes entre si e que fazem disso a razão de poderem ser um corpo e não o motivo para ficarem isolados. É assim que Cristo se manifesta – por meio desse seu misterioso corpo.
A fé cristã é coletiva, comunitária. Ela tem a ver com uma orquestra onde há muitos instrumentos diferentes. Tem a ver com um time em que cada um joga em sua posição. Mas o segredo é que atuam juntos, seguem a mesma partitura, fazem gol do mesmo lado e defendem a mesma meta. O evangelho que nos chama à reconciliação com Deus nos chama também à reconciliação uns com os outros. Se o evangelho não chegar ao “nosso” é porque não chegou a ser “meu”. Cristo não me superou, eu ainda estou no comando. Resistindo ao Cristo cujo evangelho diz: sirva ao necessitado, perdoe quem lhe feriu, ame o seu inimigo, reconcilie-se com seu irmão. Então, que seja assim. Que seja o nosso evangelho!