“Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades.” (Salmos 103: 9-10)
Quero citar aqui a poesia de Jorge Camargo. Em canção de sua autoria, a que deu o título simplesmente de Bondade, assim ele fala do caráter amoroso de Deus: “Ver além dos meus erros… Velar-me em todos os passos… Receber-me em Teus braços… Amar-me em meio aos tropeços. Assim é a Tua bondade! Não negar-me afeto, ainda que tão ingrato. E, agindo qual tolo, recuse Teu pão e teto. Assim é a Tua bondade!”. Sua visão concorda com a visão de Davi e com o ensino de Jesus. O Deus Eterno das Escrituras é breve em Sua ira e Sua misericórdia, ao contrário, é sem fim. Renova-se a cada manhã. Bendito seja o Senhor que não nos trata conforme os nossos pecados, nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. O que seria de nós se Ele não nos amasse assim?
O que todo esse amor de Deus causa em você? Talvez sejamos formados de uma maneira tal que somente a dureza nos emende e somente o medo nos faça parar. Há quem considere inadequado a constante afirmação da bondade de Deus, afinal, isso, segundo pensam, desencoraja a firmeza. Pode levar as pessoas a “acharem que podem fazer o que bem entenderem”. E essas desconfianças se confirmam pois há essa possibilidade: A de abusarmos da paciência de Deus. Mas não necessariamente por haver ênfase em Seu amor e graça. Mas por nosso caráter adoecido. E, neste caso, se o amor de Deus não nos quebrantar, qualquer ênfase que nos leve a ter medo dele apenas nos domesticará, mas jamais nos transformará. E pessoas domesticadas comportam-se, mas não amam. Fazem o que “é certo”, mas não são bondosas. Não amam a Deus e não amam ao próximo.
Jesus, enfaticamente, indicou o amor e a misericórdia como caminhos para honrarmos a Deus. Ele nos revelou o caráter gracioso do Pai. O “vá e não peques mais” era precedido pela misericórdia e o perdão amoroso. O Deus que Jesus nos revelou é o Pai que recebe de volta o filho rebelde que havia partido e pacientemente procura conciliar o interesseiro que havia ficado. Pois é na experiência com o amor e a misericórdia que somos transformados. Quem ama não faz mal ao próximo (Rm 13.10). Não é nossa retidão que dá sentido ao amor e à misericórdia de Deus. São Seu amor e misericórdia enchendo nossas vidas que nos levam à retidão. Quanto mais abrirmos a alma para sermos amados e recebermos misericórdia, mais firmes poderemos andar em Sua presença. O método de Deus não é acusar ou ameaçar, mas amar e mostrar misericórdia! Que isso nos emende e nos melhore!
ucs