“Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho.” (Gênesis 22.10)
Esta experiência vivida por Abraão chegou ao seu ponto máximo, na perspectiva de Abraão (e de qualquer de nós), quando ele pegou a faca para sacrificar seu filho. Imagino quanta tensão houve desde o começo, quando Deus lhe fez o pedido. O caminho até a região de Moriah, o local indicado por Deus para o sacrifício… Os servos ficaram esperando e somente Abraão e Isaque seguiram para o monte. O texto não deixa claro como foi que Abraão agiu para colocar Isaque no altar para sacrificá-lo. Talvez tenha usado algum método para deixa-lo inconsciente. Eu faria assim se tivesse fé e coragem bastantes para me dispor a sacrificar meu filho! Não sabemos realmente o que ele fez. Mas lá estava Isaque, amarrado, e Abraão então pega a faca. Posso sentir meu coração batendo mais forte ao imaginar a cena.
Inacreditável algo assim. É mais fácil pensar que se trata de literatura, “apenas uma lenda”. Uma forma de transformar um homem em herói. Algo bom para a história dos judeus. Mas, de fato, é parte do que acontece quando homem e Deus se encontram e o homem decide crer. É mais do que apenas a vontade humana conseguiria produzir, por isso parece inacreditável. É algo próprio da fé, da vida de pessoas que descobriram ou estão descobrindo o lugar de Deus em suas vidas. O que envolveu a vida de Abraão é singular. Não vemos Deus fazendo este pedido em outros momentos da história. Ele próprio é que sacrifica Seu Filho por nós, e não o contrário. Mas talvez Deus tenha pedidos a nos fazer, incomparavelmente menores que este feito a Abraão. Talvez já tenha feito pedidos, mas achamos difícil demais atender.
Ainda não estendemos a mão e pegamos a faca para realizar o sacrifício. Estamos protelando para ver se não há outro meio. Como é difícil sacrificar a própria vontade! Como é difícil abrir mão de um desejo! Como é difícil amar como Ele pede que amemos e servir como Ele nos chamou para servir. Como é difícil controlar nosso ímpeto de presunção e vaidade. Como é difícil recuar, confessar, admitir, esperar. Mas diante da tensão do que Deus nos pede, assim como fez Abraão, por mais difícil que seja, o caminho melhor é o da fé que nos leva a obedecer. Não foi fácil para Abraão estender a mão e pegar a faca, mas a vida de Abraão não seria o que se tornou sem isso. Deus tinha algo especial em mente para ele. E quanto a nós? Creremos e seremos firmes o bastante para pegar a faca, completamente dispostos a obedecer, quando chegar o próximo impasse entre obedecer e desobedecer?