O fio da navalha

O fio da navalha

Li o livro de Somerset Maugham “O fio da navalha” e uma frase ficou gravada na minha mente: “Os mortos são tão irremediavelmente mortos quando mortos”. E outra do mesmo autor no livro “Servidão Humana”: “Não adianta lamentar o vaso quebrado, quando todas as forças do universo se reuniram para derrubá-lo das nossas mãos”.

Em relação ao impacto da primeira frase dita por um amigo a outro morto no livro, assistimos ela ter sido repetida mais de cem mil vezes pelos parentes dos mortos nesta pandemia, é como cair num buraco, onde se perde a noção do tempo e do espaço e entra no redemoinho das forças do destinos nascer,crescer e morrer.

É muito difícil não se perder em si mesmo, quando não consegue, processa o que são cento e cinco mil mortes de brasileiros em apenas cinco meses. Parece que nossa vida era contemplada com o auxílio de uma pequena lanterna e sob uma iluminação artificial, e agora existe o clarão do pensamento lúcido que tanta morte produz.

Pode-se ver a glória, o bem público, o amor, a própria pátria sob a luz deste clarão. Talvez, a ação e o movimento, esses valores teóricos sejam materializados de forma mais humanas, como o holocausto trouxe o medo do nazismo estas mortes possam trazer mais respeito a vida humana, menos violência e mais amor, e apesar de não adiantar lamentar tantos vasos quebrados, eles sirvam de lição para uma vida mais plena de todos nós.

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