Em todos os anos, no mês de agosto, espero ansiosamente pela comemoração do dia dos pais na escola das minhas filhas.
Neste ano, ao abrir a agenda escolar das minhas filhas, o convite assim dizia “Venha para a escola comemorar o Dia da Família ! ”. Pensei: “ e o dia dos pais !?… no segundo domingo de agosto, comemora-se o dia dos pais e não o dia da família”.
Chato que sou, procurei explicação na direção da escola e ouvi da coordenação que o mundo mudou e as famílias não são mais as mesmas; nem todas as crianças da escola tem pais, algumas crianças tem avós que fazem o papel de pais, outras, tios, algumas tem padrastos e outras crianças, até, tem noutra mulher a pessoa a quem chamam de pai.
Para justificar o decreto de extinção do “dia dos pais”, o argumento utilizado é que existem diferentes tipos de família e que as crianças que possuem famílias com organizações diversas poderiam se sentir discriminadas e para evitar qualquer tipo de constrangimento não haveria Dia dos Pais na Escola, mas sim Dia da Família, pois família todos têm.
Discriminadas !
Reconheço que o mundo mudou, dizem até que evoluiu (apesar de ter certeza de que estamos andando para trás).
Mas pensei com meus botões: “ para proteger as crianças que não tem pais ou que tem pais “diferentes”, em vez de ensinarem a essas crianças a importância que cada ser humano da nossa família tem para nós, ensina-se a fingir que não existe uma data para comemorar o dia dos pais.
E as crianças que não tem mães ? Acaba-se com o dia das mães ? E as crianças que não tem avós ? E as crianças que não tem irmãos ?
Não é acabando com tradições, nem as tachando de equivocadas ou erradas, que ensinaremos as crianças do mundo a conviverem com as diferenças. Ninguém é igual a ninguém. O mundo não é igual para ninguém, as relações pessoais e familiares identificam-se justamente pela singularidade de cada um. As crianças que não têm pai precisam aprender a conviver com as crinças que tem; as crianças que tem pais precisam aprender a conviver com crianças que não tem; as crianças que tem o avô como pai precisam aprender a conviver com crianças que não tem avós; as crianças que tem pais homossexuais precisam aprender a conviver com essa diferença perante as crianças que tem pais heterossexuais, enfim….
Não é escondendo as diferenças que ensinaremos o mundo que ninguém é igual a ninguém e que nenhuma família é igual a outra. É que convivendo com a adversidade de um “dia dos pais” na escola que uma criança que não tem pai aprenderá que sua família, apesar de diferente, é importante mesmo assim e que, apesar de ser diferente, não é pior nem melhor, é apenas diferente.
É de cedo, na escola, que convivemos com a diversidade e as adversidades. Por isso é na escola, desde criança, que aprendemos que nunca somos iguais, que nossa família nunca é igual a dos outros, que o mundo é feito de diferenças e que é justamente as diferenças que fazem de nós um ser humano único, insubstituível, uma criação divina.