O dia seguinte

O dia seguinte

Ontem, na noite de Natal, lembro de uma frase que li no livro “A Condição Humana”, de Hannah Arendt. Em algum lugar, há uma via a seguir ou a descobrir. É isso o que dizem os taoístas. A via da exatidão. A palavra certa, o gesto perfeito, o sentimento irrefutável de estar onde é preciso, no momento certo.

No lugar onde estaria a verdade nua, por assim dizer, e a família reunida após tantas mortes na pandemia é um momento perfeito e uma benção.

Vivemos numa cultura da aceitação instantânea, da rolagem rápida, de clicar por impulso, de argumentos de 140 caracteres, e de vídeos virais de trinta segundos. É fácil captar a atenção de alguém, mas quase impossível mantê-la, mas tive o calor humano da família nesta noite especial de Natal. Os dias irão passar.

Dois mil e vinte e dois vai começar a fluir, e me levar para longe do passado e de seu mundo. Reconheço, não sei se com tristeza, a degradação de alguns corações. Tudo o que há de disperso e duro vem da ausência de compreensão da ciência nesta pandemia.

Como a vida é um movimento rápido, um fluir contínuo, mutante, como estamos sempre a nos despedir, indo a lugares, vendo pessoas, fazendo coisas, só quando vc senta e fica escutando ao lado da janela, a chuva neste fim de dois mil e vinte e um só aí vc pensa e sente aflição por ter ficado preso na correria do mundo, perdendo conexões com entes queridos e com nós mesmos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui