“Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles.” Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.” (Lucas 15.11-13)
Talvez a Parábola do Filho Pródigo seja a mais conhecida das parábolas de Jesus. Ele contou muitas parábolas para nos ensinar sobre o Reino de Deus e para nos falar sobre Deus. O nome que damos à Parábola certamente tem a ver com o protagonismo do filho mais novo, mas o grande ensinamento nos vem de seu pai, pelo modo como o trata e o ama. É irresistível identifica-lo com Deus, a quem Jesus nos ensinou a orar chamando de Pai. Ser cristão é seguir a Cristo, crendo no Deus por Ele revelado e, nesta Parábola, Jesus nos apresenta a um Deus surpreendentemente amoroso. E isso já começa a ser declarado logo de início. Jesus é a manifestação de Deus entre nós, o Deus encarnado, o Emanuel – Deus Conosco. Nele e dele nos vem a verdade sobre Deus. Há muitos deuses no mercado religioso e no imaginário humano. E sempre confundimos Deus, vendo-o como Ele não é ou deixando de vê-lo como Ele é.
O Deus que se revelou a nós em Jesus e por meio dele é o Deus que nos criou para sermos livres e não para sermos escravos. Isso fica claro pelo modo como relaciona-se conosco. Ele nos ama! No contexto do primeiro século a atitude de um filho, especialmente sendo o mais novo, de pedir sua parte da herança familiar com o pai ainda vivo representava uma grave ofensa. Mas o pai da parábola de Jesus não se dá por ofendido e atende o pedido. O pai quer o filho em casa, mas não quer obriga-lo a ficar e nem impedi-lo de sair. Os ouvintes de Jesus devem ter ficado chocados com esse pai. Não era adequado e nem justo aos seus olhos o modo com o pai age. Por tanto tempo eles pensaram em Deus de forma distante e ameaçadora que a figura apresentada por Jesus escandaliza! Quebra seus paradigmas sobre o Deus de Israel. Vinte um séculos depois ainda não nos acostumamos com o Deus revelado por Jesus.
Se considerarmos nossa existência à luz da existência de Deus, sendo nós quem somos e Ele quem é, só podemos entender que, de fato, o Deus é desconcertantemente amoroso. E foi como Jesus o revelou. Ele é o Todo Poderoso e Criador de todas as coisas. Ele é dono e sustentador da vida. Mas Ele nos respeita e nos permite fazer escolhas, incluindo rejeitá-lo e até descrer dele. O silêncio de Deus e as manifestações de Deus são demonstrações de Seu amor e respeito por nós. Ele não nos trata com ira, sabe que somos frágeis e sabe que não passaríamos por Seu juízo. Por isso Ele nos oferta Sua graça. A porta está aberta! Crer e buscar a comunhão com o Deus de Jesus será sempre uma experiência libertadora. Envolverá desafios, decisões, e mudanças e resultará em liberdade, verdadeira liberdade. Se, como o filho da parábola, quisermos “partir”, Ele permitirá. Mas a vida que sairemos para procurar não será encontrada. Ele é a nossa vida! O melhor a fazer é “ficar” e aprender a crer no Deus de Jesus. O Deus que, desconcertantemente, nos ama.