“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2.9)
Nascemos, fomos criados e hoje vivemos num mundo que nos diz, o tempo todo e de várias formas, que o grande desafio da vida é ter. Isso é o que todos estamos buscando em quase tudo que fazemos. Queremos ser competentes, capazes e competitivos o bastante para ganhar o bastante, para podermos ter o bastante. O que significa “o bastante”, não paramos para pensar. Se é possível mais, por que não? Desconfio que, em média, quem tem menos ora mais, vai mais ao templo, lembra-se mais de Deus. Talvez eu esteja errado, mas é minha desconfiança. Porem, não me interprete mal. Creio que ter importa e não precisamos aplicar à questão uma condição excludente: ou ter ou ser. Podemos ter e ser. E podemos ser, mesmo não tendo. Porque ter não é pecado e diria que é importante e necessário. É uma benção ter o bastante para não passar necessidade, para desfrutar conforto, para satisfazer algum desejo e realizar algum sonho. Mas é preciso cuidado, pois ter pode nos desviar do ser. E o sentido está no ser. Jamais devemos comprometer o ser pelo ter. O seu desafio diário é ser. Não se distraia ao ponto de se esquecer disso.
Ao dizer aos cristãos “vocês são”, Pedro está tocando nesta questão. Ele está encorajando aqueles irmãos. A maioria não tinha muito e alguns, quase nada. Mas eram! Eram por causa de Cristo. Em Cristo haviam sido perdoados, reconciliados e incluídos nos propósitos de Deus para a história. Outros rejeitavam a Cristo, mas eles haviam crido e isso mudava tudo. Outros consideravam Jesus uma farsa, eles creram nele como Salvador e Senhor. Eles cantavam em honra a Cristo e o serviam, cuidando de si mesmos e de outros. Eles se tornaram sinais do Reino de Deus. Lendo hoje as palavras de Pedro devemos abraçar o desafio de viver a mesma identidade daqueles irmãos e irmãs do passado. Àquele tempo havia perseguição e a fé em Cristo era vista como uma traição e abandono das tradições familiares e culturais. Isso suscitava desprezo e muitas vezes ira contra os cristãos. E o próprio império romano revelou-se um inimigo do Caminho, como foi chamada a fé cristã por bom tempo. Aqueles irmãos deveriam manter em mente em eram.
Já se passou muito tempo. Pelo menos para nós e para grande parte dos cristãos do mundo, o ambiente ao nosso redor não é uma ameaça. Nossos carros tem indicadores de nossa fé. Temos muitos livros e Bíblias. Temos templos para escolher, de todos os tipos. Temos muitos cultos dos mais variados estilos. Se não quisermos ir, temos a internet. Podemos participar ou assistir o culto de uma igreja do outro lado do mundo. Mas, quem somos? E quem somos esclarece quem Deus é? Cantamos que não existe nada melhor do que ser amigo de Deus. Como é nossa amizade com Ele e como ela mexe conosco e nos faz ser quem somos? Temos o desafio de ser gente que foi escolhida por Deus, que o representa, cuja vida indica que andamos com Ele, gente que pertence a Ele. Aplique as palavras de Pedro a si mesmo! Creia que você é, pois em Cristo você é o que Pedro declarou. Há mudanças necessárias? Há fraquezas dificultando? Faltam algumas respostas? Deus sabe. Creia e uma vez mais, hoje, seja quem Cristo, pela morte na Cruz, lhe deu o direito de ser. E que alguém hoje saiba quem Deus é, por causa de quem você é!