O custo social da ignorância

“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.Sócrates, (469 a.C – 439 a.C).

Jornais impressos, televisados, revistas e outras mídias, trazem ao grande público verdadeiras avalanches de informações, praticamente instantâneas, do que ocorre no mundo e no Brasil, inclusive em Estados e regiões, versando a respeito da economia, saúde, educação, política, e setores outros, com dados representativos de cada situação.

È a resultante do conceito de aldeia global, consequência dos avanços tecnológicos e da comunicação, cabendo ao ouvinte ou leitor a interpretação da matéria veiculada; na medida da sua compreensão e saber, do interesse profissional, da sua formação ou simples deleite, na convivência social à qual se vincula diuturnamente.

Abstraindo-se de números e cifras, quais prejuízos outros podem ser atribuídos àqueles que não dominam conhecimentos, são desprovidos de patrimônio intelectual – mesmo mínimo – porque inseridos no rol dos ignorantes?

Guardando as devidas proporções, eles se assemelham à condição conhecida de certa figura do cenário político nacional ao ser inquirido sobre desmandos do seu (des) governo: “não sei, não vi ou ouvi”, portanto, ignorava. Só que, aí, é pura desfaçatez e o tempo revelará!

Ignorar é não conhecer, saber, é o contrário da apreensão do conhecimento, por não ter consciência sobre o que vê, está exposto, divulgado, ou afirmado, não podendo assim racionalmente explicar ou aplicar o conhecimento com aceitável grau de acerto. Metaforicamente, é ser um alheio, isolado, alienado ou estranho no próprio meio! Mesmo assim todos, indistintamente, têm um acervo de saberes que leva o individuo a percepção mínima de que há muito a ser conhecido, em contraposição ao pouco apreendido, não significando um estado de indigência intelectual estrita, mas de limites à amplitude do saber, do conhecimento, que o próprio homem desvendou e continua a desvelar.

No campo do ensino e da aprendizagem qual o preço/investimento para se afastar o brasileiro da ignorância, dar-lhe formação e incluí-lo na vida social, no mercado de trabalho e transformá-lo em cidadão atuante, participativo e competidor? Ou, ainda, proporcionar-lhe a luz do saber?

Na Bahia, com uma população da ordem de 14.016.906 habitantes , segundo o IBGE (2010) ,em todas as suas faixas etárias apresentava 17,3% de analfabetos o que corresponde a 2.424.924 baianos, verdadeiros párias da exclusão socioeducacional do nosso País.

Já nas faixas de 7 a 14 anos e de 15 a 17 anos, os percentuais de analfabetismo eram de 6,19% e 16,6% nas populações em idade escolar. Nessas faixas etárias próprias do ensino fundamental e de acesso ao médio, as populações existentes somavam ,respectivamente, 2.069.162 e 820.540 habitantes o que, aplicando-se as taxas referidas , correspondem, numericamente, a um total de 128.081 e 136.209 de crianças e adolescentes.

Em conclusão ,com base nos dados do IBGE de 2010 , nas idades entre 7 e 17 anos, havia 264.290 jovens baianos analfabetos; portanto fora da sala de aulas e subsidiando, infelizmente, o custo social da ignorância, e, ao mesm o tempo, excluindo-os da convivência social e da formação cidadã.

Educação não tem preço por tudo que representa, mas, no reverso da medalha, o preço da ignorância é a inexistência ou a morte do saber!… O ignorante não vive, vegeta; sua participação é marginal aos limites a que se mantém escravizado, preso às amarras que o subjugam por não ter conhecimento suficiente para encontrar o caminho ao final do túnel e alcançar a liberdade, assim sobrevive na escuridão! Em consequência, os custos sociais são incalculáveis: traduzidos em miséria, marginalidade, exclusão social, um pária em seu próprio meio.

Os exemplos de avanços tecnológicos do “primeiro mundo”, refletidos em qualidade de vida e desenvolvimento socioeconômico, se assentaram na adoção de políticas focadas na educação que transformaram todo o tecido social e criaram expectativas dinâmicas de progresso e qualidade de vida.

Sem dúvidas, tudo que se investiu contra a ignorância, e por muito que se tenha realizado, ainda mais pode ser ampliado, porque significa segurança da sociedade, sua harmonia plural e o desenvolvimento previsível para todos. Afinal, quanto menos desiguais existirem mais inclusão social, participação e consciência cidadã serão alcançados – é o que preceitua a educação.

Desfralde-se, pois, a bandeira contra a ignorância: pois significa menos dispêndios sociais e a perspectiva de formação cidadã em busca do desenvolvimento nacional.

 

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