O caso do indígena pataxó morto após reclamar de som alto em Porto Seguro

O caso do indígena pataxó morto após reclamar de som alto em Porto Seguro
Protestos marcam a manhã seguinte ao crime. Fotos: Reprodução/Radar64

Vítor Brás Souza, de 21 anos, foi morto a tiros no fim da noite do último domingo (13), após reclamar do som alto em uma festa, na Orla Norte de Porto Seguro.

Líder dos jovens estudantis da aldeia Novos Guerreiros, a 500 metros do local do crime, o jovem da etnia pataxó teria ido até uma residência, junto ao cacique e outros, reclamar do barulho. Levou dois tiros nas costas.

Ele chegou a ser encaminhado para o Hospital Luis Eduardo Magalhães, foi atendido, mas não resistiu.

O crime

Tudo teria acontecido após uma discussão. Segundo testemunhas, um indivíduo ficou irritado após as reclamações e efetuou os disparos usando uma arma de fogo.  “Houve uma discussão. Alguém deu um tapa no rosto do Vítor, que revidou. Ao se virar de costas, ele levou dois tiros”, disse um índio que presenciou o crime.

O caso do indígena pataxó morto após reclamar de som alto em Porto Seguro
Vitor, aos 19 anos, durante mobilização pelo seu povo Pataxó Foto: Reprodução

Após o acionamento da polícia, foi dado início ao processo de investigação do caso para apurar o ocorrido. O suspeito de matar Vítor já foi identificado, embora ainda não tenha sido localizado e detido.

Vitor era casado e tinha dois filhos, de cinco anos e de dois meses. O crime chocou a região.

Líder ativo, ele estava sempre engajado nos ensejos do seu povo, viajando sempre a Brasília e levantando a voz representativa nas inúmeras reivindicações: saúde, educação, demarcação de terras, saneamento básico etc. Assim foi descrito por uma liderança da aldeia.

Vítor teve seu enterro definido para ocorrer no cemitério indígena de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália.

Investigação

Polícia e comunidade buscam desvendar os detalhes do que aconteceu naquela noite.

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Comunidade quer justiça

Ainda segundo testemunhas, a questão do som alto e da violência na região é recorrente. “Antes dessa tragédia, a gente ligou para a Polícia Militar, que ignorou nosso pedido, não enviando nenhuma equipe ao local”, disse um indígena.

O organizador da festa, que alugou a casa localizada em área indígena, teria feito um acordo de que o som alto duraria até às 23 horas. O trato foi descumprido.

Ele admitiu que o evento acontecia sem licença. A Prefeitura, ao lamentar o ocorrido, disse que não foi solicitada autorização.

O dono da casa também disse que não havia informado que se tratava de um território indígena ao alugar o espaço.

Protestos

Após a comoção e repercussão do caso, um grupo de indígenas e não indígenas bloqueou um trecho da BR-367, na manhã de segunda-feira (17), cobrando esclarecimentos.

A casa onde tudo aconteceu chegou a ser parcialmente destruída.

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