O bêbado e o (des) equilibrista
O texto da Lei da Ficha Limpa foi idealizado por um juiz aposentado chamado Márlon Reis, que faz parte de uma associação chamada Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o qual um dia sonhou que seriam possíveis eleições mais limpas no Brasil.
No entanto, um determinado ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro, descumprindo seu dever legal e ético de somente se manifestar nos autos de processo, declarou outro dia que a Lei da Ficha Limpa parecia ter sido feita por bêbados.
A Lei da Ficha Limpa, logo ela, que nasceu da aspiração de milhões de brasileiros honestos, foi duramente atacada pelo ministro que, mais do que um juiz, parece na verdade um político de toga.
Não cabe a um juiz dizer que a lei é boa ou ruim, sua obrigação aplicá-la e dar a melhor interpretação possível ao seu texto normativo. O próprio Supremo Tribunal já declarou que a Lei da Ficha Limpa é constitucional e, portanto, sendo sua excelência (com letra minúscula mesmo) um membro da Suprema Corte, deveria ser primeiro a defendê-la.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) não deixou barato e reagiu, dizendo ser “ lamentável que um ministro do STF, em período de grave crise no país defenda o financiamento de campanhas eleitorais por empresas e busque descredibilizar as proposta anticorrupção que tramitam no Congresso Nacional”.
A Lei da Ficha Limpa nasceu de um grande anseio popular. O povo pede e clama por um sistema político mais honesto. Qualquer tentativa legislativa de por fim à corrupção deve ser defendida por todos os ministros da suprema corte brasileira.
Não se compreende por que um grande jurista e ministro precisa ir a público para dizer que os idealizadores da lei parecem bêbados. Será que todos os anseios do povo brasileiro são vistos como coisas de bêbados pela elite jurídica brasileira !?
É por isso que escrevi outro dia: “é melhor a sinceridade e a pureza d’alma de um bêbado do que o canalhismo deliberado de um sóbrio arrogante”.