“Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.” (Mateus 6.11)
Nunca acordei pela manhã sob a angústia de não saber se teria algo para comer durante o dia. Portanto, nunca orei essa parte da oração estando em completo desamparo material. Sei que muitas pessoas passam por isso e talvez você já tenha passado. “Dá-nos hoje nosso pão de cada dia.” O que essa parte da oração me ensina? A mim e a pessoas que, como eu, já tem na geladeira hoje o que vai comer amanhã? Tenho certeza de que Jesus não colocou esta parte na oração para que sirva apenas aos desamparados e muito menos como mera formalidade. O que deve significar o “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” para pessoas abastecidas, que tem mais que o bastante? Pessoas que mais lutam com o excesso do que com a falta?
Precisamos notar que trata-se do “nosso pão” e não apenas do “meu pão”. Diante da bênção que tenho de ter o meu pão, se oro em obediência a Cristo que me orienta a orar pelo “nosso pão”, não posso ignorar e nem estar desinteressado pela condição do meu irmão, do meu próximo. Não basta que eu tenha o meu pão, é preciso que nós tenhamos o nosso pão. E assim, pela oração de Jesus, nos tornamos responsáveis pela fome do faminto. Mas “pão” é mais que apenas alimento. É sustento para a vida, é provisão, é proteção. É o suprimento da necessidade do necessitado. Se oro pelo nosso pão, o outro importa e não apenas eu e minhas necessidades. Se vivo o que oro participo do Reino de Deus que se manifesta e promove transformação aonde chega.
Não podemos responder à necessidade de todos os famintos, não temos recursos ou poder para suprir todas as necessidades de todos os necessitados, mas podemos agir em favor de alguns, de alguém. Se oramos a oração de Jesus e temos o suprimento de nossas necessidades diárias, temos a missão bendita de cooperar para que alguém mais, além de nós mesmos, tenha suas necessidades supridas e sejamos parte disso! Não podemos comer o nosso pão como cristãos e sermos gratos se não for assim. Nosso cristianismo e nossa gratidão seriam farisaicas. A oração de Jesus traz em si a pergunta feita por Deus a Cain: “onde está o seu irmão?” (Gn 4.9). A oração de Jesus nos lembra o Deus que é “nosso Pai”, cuja vontade devemos ansiar que se cumpra. Crer é também ser parte da provisão que Deus realiza num mundo em falta!
ucs