“Há algo no ar de New York que torna o sono inútil”. S.B.
A chegada pela ponte de Manhattan passando sobre o Rio East marcou nossas vidas. O motorista que conduzia a van colocou a música New Nork, New Nork de Frank Sinatra, e toda felicidade é construída por emoções secretas, e para nós esta canção refletia o sonho de estar em New York. Tinha sido um daqueles breves momentos de perfeição. Depois vimos o Central Park, de uma tal variedade de cores e transeuntes com visual descolado; as cores diferentes, as sacolas de compras, pessoas balançando a cabeça ao som de alguma melodia no fone de ouvido, vi que a cidade tinha magnetismo, e muito estimulo, muita coisa que faz acender os neurônios e despertar a nossa curiosidade.
O nosso condutor contou que seus filhos saíram de casa com 17 anos, e que os americanos crescem com esta mentalidade de cortar o vínculo familiar cedo, é o conceito de underground. Estivemos na estátua da liberdade e foi estranho olhar de lá e não ver as torres gêmeas, um dos símbolos do poder americano, junto com a casa branca, e o pentágono, então o sol do fim de tarde baixou rumo ao descanso, e fomos assistir a peça “O fantasma da Opera” musical de grande sucesso, de compreensão difícil para meu inglês, tudo parecia um conto de fadas, mas a verdade era que os restaurantes bonitos, o Time Square e os gramados bem aparados do Central Park não contavam a história toda, pois ao visitar o monumento aos mortos no onze de setembro, o coração parece ter paralisado entre uma batida e outra, um silêncio sepulcral, com uma fonte jorrando água e os nomes na pedra de cada vítima.
A dor dos parentes é forte e bloqueou aqui a passagem do tempo, os únicos sons são a respiração e o vento e vi as minhas emoções divididas entre entusiasmo e a tristeza. Carros passam sob as luzes claras da cidade que brilham e pairam sobre todos os prédios. Assisto à agitação em brilhantes carros importados sobre o asfalto e em saltos de grife que batucam na calçada. No último dia fiquei em frente a uma taça de vinho e bebi lentamente, na minha cabeça havia uma vaga sensação de efervescência, pelos momentos vividos sentindo que mais uma vez a força secreta da vida saltou de súbito, produziu estes instantes livres e novos e o máximo que posso fazer é descrever isto aqui.