“Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram.” (Romanos 12.15)
É, o egoísmo realmente não é bem-vindo no comportamento de quem pretende, compreende e escolhe que deve viver sua fé, em lugar de apenas participar de uma religião. A liturgia da vida cristã nos convida a tirar espaço do egoísmo. Ele não deve ter lugar, de forma alguma, ainda que apenas para uma participação pequena. Pois nela, nessa liturgia da vida o outro é nosso lugar de amor, de serviço e de adoração a Cristo. Você consegue entender essa idéia? O outro importa! “O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram”, disse Jesus (Mt 25.40).
Veja que estamos diante de mais uma parte da liturgia nos pedindo para adorar por meio de nossa relação com o outro. É um pedido difícil para todos nós, em alguma medida, em algum aspecto. Preferimos lidar só com Deus, sem ter que lidar com as pessoas. Mas Ele nos manda às pessoas, sempre. Alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram é simples e difícil. Gostamos quando os outros agem assim em relação a nós, mas tirar atenção de nós mesmos e deixar que o outro esteja no centro é outra história. Gostamos de ser ouvidos em nossas queixas e acolhidos. Gostamos quando nossas dores levam outros a trazer consolo e remédio. Mas e ao contrário? A dor dos outros doem em nós? Muitas vezes não.
Nosso mundo é um lugar de violências e nem tanto de compaixão. As casas, as ruas e as redes sociais estão cheias de incompreensão, intolerância, preconceito, autoritarismo, humilhação e vazios de compaixão. E quanto as nossas igrejas? E quanto a fazer o bem? Esquecemos, não temos tempo, não achamos que seja um problema nosso. Até nos consideramos pessoas boas, mas ficamos tão ocupados conosco mesmos que não ouvimos o choro, não entendemos e não enxergamos a injustiça, não compreendemos o dilema, não percebemos a necessidade. Não a do outro. Por isso é importante e necessária essa orientação litúrgica. Se desejamos adorar a Deus hoje, então precisamos prestar atenção no outro. A alegria e o choro do outro devem importar para nós. Precisamos aprender a ficar ao lado, para o bem do outro.
Ouvi uma frase recentemente num pequeno vídeo enviado por um amigo no mínimo interessante. A frase foi a seguinte: “o mais necessário num encontro é o ausente, porque senão todo mundo fica sem assunto”. E, claro, são conversas que quase nunca favorecem o ausente! Precisamos mudar esse hábito, rever essa atitude. Isso também é parte do respeito amoroso que nos torna capazes de ser compassivos, de participar positivamente na vida do nosso próximo.
A fé cristã é a fé da vida e não apenas do templo, das atitudes e não apenas dos ritos. Nela, o templo só faz sentido se torna a vida cheia de fé. O que cantamos no templo somente tem valor se coopera, se nos fortalece para agirmos de forma coerente com amor que nos alcançou. No nosso culto de hoje, em nossa liturgia da vida, pratiquemos a empatia e a compaixão. Duvido que alguém não ouça o nome de Deus sendo exaltado!