Mucuri adere paralisação conjunta dos municípios nordestinos dia 30 de agosto contra crise financeira

Mucuri adere paralisação conjunta dos municípios nordestinos dia 30 de agosto contra crise financeira
Mucuri adere paralisação conjunta dos municípios nordestinos dia 30 de agosto contra crise financeira. Foto: Ascom

O prefeito de Mucuri, Roberto Carlos Figueiredo Costa, confirmou no início da tarde desta terça-feira (29), que o município de Mucuri vai aderir ao movimento nacional de paralisação das Prefeituras Municipais nesta próxima quarta-feira, dia 30 de agosto. O protesto é por conta da queda nas transferências do FPM – Fundo de Participação dos Municípios. O ato é denominado de “Sem FPM não dá, as Prefeituras vão parar”. Para o prefeito Robertinho, o país está crescendo e os municípios estão perdendo recursos. “Isso não está correto. E por esta razão, está havendo sim uma insatisfação, até porque 90% dos prefeitos baianos votaram e confiaram no atual presidente”, lembrou.

Mais de 95% dos prefeitos dos 9 estados nordestinos confirmaram a adesão. Em Mucuri, no dia 30 de agosto, apenas os serviços de natureza essencial, nas áreas da saúde (urgência e emergência), coleta de lixo urbano e segurança pública serão mantidos junto à população. Nos últimos dias 15, 16 e 17, os prefeitos baianos estiveram em Brasília cobrando, entre outras pautas, uma ajuda emergencial aos municípios em função da redução no FPM, o que tem gerado a revolta de muitos gestores baianos que apoiaram a eleição do presidente Lula. As cidades de menor porte, que dependem mais dos recursos federais, são as mais atingidas.

Prefeito discute pauta em Brasília

No último dia 16 de agosto, o prefeito de Mucuri, Roberto Carlos Figueiredo Costa, foi recebido em Brasília, na Residência Oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tratar desta mesma pauta municipalista. Além da sua preocupação com o projeto do novo Arcabouço Fiscal, que poderia retirar a autonomia tributária dos municípios, cuja receita principal é o ICMS e ISS, em que Mucuri seria um dos 128 municípios brasileiros atingidos mortalmente, o prefeito Robertinho também liderou uma conversa em torno das sequentes perdas de receitas dos municípios, que causou um grande impacto financeiro ao município de Mucuri nos últimos 8 meses, especialmente com a queda vertiginosa do FPM, ICMS e Royalties.

Na manhã desta terça-feira (19), o prefeito Robertinho mais uma vez demonstrou preocupação com o tema que chamou de “situação caótica” ao soltar um comunicado à população. “Queridos amigos e amigas de Mucuri – diante da situação caótica que os municípios brasileiros têm passado nos últimos 8 meses com a queda de receita, e que vem atingindo diretamente o município de Mucuri com sérios impactos financeiros desde novembro de 2022 pela queda vertiginosa do FPM, ICMS e Royalties, devo informá-los, pela necessidade do momento que estamos aderindo à paralisação nacional das Prefeituras Municipais. Devo ainda comunicar, que nesta quarta-feira, dia 30 de agosto, o município de Mucuri vai trabalhar apenas com serviços essenciais na saúde pública e na limpeza urbana. Peço a compreensão e a colaboração de todos para nos unirmos neste difícil momento econômico em que os municípios estão passando”, disse o prefeito.

Evitando a falência dos municípios

Na região do extremo sul da Bahia, as Prefeituras Municipais estão aderindo em cooperativismo ao movimento liderado pelas suas entidades de classes, como a CNM – Confederação Nacional de Municípios, UPB – União dos Municípios da Bahia e APES – Associação dos Prefeitos do Extremo Sul da Bahia. As prefeituras da Bahia vão acompanhar o movimento municipalista de outros 8 estados do Nordeste para promover uma grande paralisação nesta quarta-feira, dia 30 de agosto. Serão suspensas as atividades administrativas em forma de protesto e sensibilização, sendo mantidos apenas os serviços essenciais. “O objetivo é chamarmos a atenção para a situação alarmante na queda da transferência constitucional do FPM, entre outras pautas municipalistas, a fim de que adotem medidas capazes de impedir a completa falência dos municípios”, explicou o prefeito Robertinho.

A iniciativa é articulada pela UPB – União dos Municípios da Bahia e as entidades municipalistas do Nordeste para alertar o Governo Federal, Congresso Nacional e a população para a situação financeira das prefeituras, sobretudo na Bahia onde cerca de 80% dos municípios são de pequeno porte, não possuem receita própria e dependem das transferências constitucionais da União. Estagnação no repasse do Fundo de Participação dos Municípios, previsão de mais queda, diminuição nos repasses dos Royalties e desoneração do ICMS dos combustíveis têm comprometido a gestão das Prefeituras Municipais.

Queda vertiginosa nas receitas

Para a UPB – União dos Municípios da Bahia, a estagnação do repasse do FPM diante do aumento de despesas, inflação, folha de pessoal e previdência, somada a desoneração do ICMS dos combustíveis, torna a situação insustentável, levando ao colapso financeiro. Para este mês de agosto, a previsão de fechar com o recurso 7,95% menor que no mesmo período do ano passado, preocupa os gestores que vão ao protesto. Um exemplo, Eunápolis e Itamaraju que recebiam cerca de 5,5 milhões de FPM, estão recebendo 1,3 milhão. Teixeira de Freitas e Porto Seguro que recebiam cerca de 7 milhões passaram a receber 1,9 milhão. Nova Viçosa, Mucuri, Caravelas, Itabela e Medeiros Neto que recebiam em torno de 4,5 milhões de FPM passaram a receber apenas 930 mil.

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é uma transferência constitucional fruto da arrecadação do Impostos de Renda e Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). Comparado com o ano anterior o acumulado do FPM em 2023 apresenta queda de 0,23%, considerando a inflação, indica o levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM). As prefeituras também reclamam das perdas de R$ 6,8 bilhões com a desoneração do ICMS dos combustíveis, aprovada no ano passado e reivindicam uma compensação por meio de AFM – Auxílio Financeiro aos Municípios, de forma emergencial.

Os prefeitos defendem caminhos minimizar o impacto da crise, a exemplo de um Auxílio Financeiro aos Municípios (AFM) que a União pode liberar de forma emergencial, a aprovação da PEC 25/2022, que sugere um aumento de 1,5% no FPM, o PLP 94/2023, visando à recomposição de perdas do ICMS com um potencial benefício de R$ 6,8 bilhões para os 5.570 municípios brasileiros em três anos e o projeto de Lei 334/2023, que propõe reduzir a alíquota patronal dos municípios paga ao INSS de 22,5% para 8%.

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