O Movimento Família Autismo do Extremo Sul promoveu, em Teixeira de Freitas, na terça-feira, 2 de abril, a tradicional caminhada em alusão ao Dia Mundial de Conscientização sobre Autismo, em que deixaram o recado sobre a necessidade de respeito às diferenças e permear de amor todas as relações com outro.
A passeata, que contou com o apoio da FASB, Uneb, Colégio da Polícia Militar, CEEV, familiares, amigos e profissionais engajados na inclusão da pessoa autista, teve início na praça da prefeitura, às 16 horas, percorrendo as ruas do Centro. Durante o percurso, que contou com minitrio e locuções esclarecedoras sobre a temática, houve panfletagem; a Barca da Alegria proporcionou lindos momentos às crianças. O evento teve fim na praça da Bíblia.
Conforme Aressa Faben, mãe do Pedro Henrique, um lindo garoto autista de 11 anos, e , também, uma das coordenadoras do Movimento Família Autismo, o grupo, que tomou forma em 2015, propõe atuar “na área de políticas públicas, organização de pais, amigos, profissionais da saúde, para difundir informações sobre a pessoa autista”.
Aressa comenta sobre o convívio com seu filho: “Um convívio de aprendizagem diário, aprendemos a caminhar com ele de acordo às permissões dele, é uma criança muito afetiva, tem suas particularidades, como todos os seres humanos, porém, por ser uma pessoa autista, tem particularidades mais maximizadas”. E pontua que cada autista é único, nenhuma pessoa autista é igual outra pessoa autista, “por mais que haja peculiaridades parecidas em seus jeitos de ser”.
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Sobre conselhos para quem convive com pessoas autistas, Aressa dá exemplo de humanidade: “Falamos em campanha de respeito à pessoa autista, mas se nós respeitássemos toda diferença, a diversidade, a gente não precisaria fazer campanhas específicas”.
Aos pais que descobriram recentemente, “o que a gente recomenda, muito humildemente, é que tenham paciência, se informem, não criem ansiedade sobre estas crianças, as coisas vão fluir naturalmente tendo amor, tendo compreensão e tendo também participação na vida destes filhos e que venham também somar forças e energias com outras famílias de pessoas autistas”, disse Aressa.
Mãe de um anjo azul, como são conhecidos os autistas, Jandiara Cardoso Andrade, coordenadora do Movimento Família Autismo e percussora da ideia (em 2011, ela realizou uma caminhada em homenagem ao seu filho, o Luís Ricardo, em 2015 se juntou a outras famílias e criaram o Movimento), revela um pouco do que pode ser a dádiva de ter uma pessoa autista na família – desde que o ceio familiar se revele um ambiente de amor em estado bruto: “Bom, prazeroso, oportunidade de evolução, seres iluminados de uma pureza muito grande, não fingem, não mentem, não tem muita vaidade, crianças simples. Ajudam-nos a evoluir”.
Jandiara, emocionada, deixa a reflexão: “Às vezes, nos vem um filho assim para que a gente se envolva mais com o que vale de verdade na vida e perceber o quão é importante amar o outro, cuidar do outro, ter paciência, não reparar os defeitos dos outros, mas elogiar e ver o que tem de bom e de bonito”.
A mãe do Luís comenta de algo que é recorrente na sociedade, o julgamento, por isso, a necessidade de falar sobre autismo, como são essas pessoas, a fim de derrubar o preconceito em que muitas vezes veem uma criança com determinado comportamento e julgam que é doida, mal educada, quando pode ser uma crise normal do autista, que se uma coisa afeta muito eles entram em crise”, pondera.
Dando apoio também na caminhada, a fonoaudióloga Ana Paula Murta, coordenadora da reabilitação intelectual e autismo do CER- 4, comentou sobre o trabalho com crianças autistas e com deficiência intelectual realizado por ela e sua equipe no Centro de Reabilitação.
“Todo ano prestamos apoio à família autista porque achamos importante um órgão público engajado nesta luta e fazemos várias programões para este público. Este ano focou na sala sensorial, onde trabalha a questão da sensibilidade sensorial destes autistas, muitos apresentam sensibilidade tátil, olfativa”, conta Ana Paula.
Na sala é feito um circuito com as pessoas autistas para, dentre outras coisas, detectar o que é a maior necessidade de cada um para ser trabalhado nas intervenções terapêuticas, que são feitas com uma equipe formada por terapeuta ocupacional, pedagogo, psicólogo e fonoaudiólogo – todos presentes na caminhada.