Correm pelas metrópoles desviando de pedestres, carros, sobem no meio fio, andam na contramão, são guiados pela pressa dos deliverys que na pandemia foi a salvação da classe média.
À frente, se projeta a imensidão de pedidos e nas cabeças só cumprir a meta do dia.. Quando não há nuvem no céu, com tempo firme, o planejado é realizado. Tempos difíceis quando chove, eles aguardam em baixo de viadutos e marquises. A vida para eles é tão delicada quanto um dente-de-leão. Uma encostadinha de um veículo de qualquer direção e se fazem em pedacinhos.
Quando penso num motoboy, eu me pergunto quantas pessoas fascinantes podem existir, com futuros brilhantes, mas estão pelas ruas, sem trocar uma palavra com ninguém que não seja: “interfone para o apt 802”, vivem marginalizados, pode existir um flautista, um cientista ou um escritor. A vida deles está à frente, se este futuro sumiu a verdade tem um custo: a necessidade de encarar a velhice de uma vida falida pois para eles seria melhor poder congelar o tempo.