É um assunto polêmico, envolve religião, sobre a qual não gosto de escrever, mas resolvi dar minha visão. Desde o tempo das cavernas, ninguém havia definido a morte com precisão. Quando eu era criança e alguém morria, meus pais diziam que essa pessoa se transformava em uma estrelinha. Já adulto, eu ficava imaginando o que teria acontecido com quem morre, que tem tanto para dar num dia e, no seguinte, desaparece.
Na minha visão, o nascimento e a morte são experiências semelhantes: cada uma delas é o começo de uma nova viagem. E depois da morte? Essa é a pergunta que gostaria de responder. Só posso fazer julgamentos baseados em minha experiência de vida. Acompanhei algumas mortes, e as pessoas simplesmente foram embora. Num dia, falava com essa pessoa, tocava nela e, na manhã seguinte, ela não estava mais ali. O corpo estava, mas era como tocar um pedaço de madeira. Algo estava faltando. Algo físico. A própria vida. Mas continuo a indagar que forma a vida assume ao ir embora. E para onde vai, se é que vai para algum lugar. O que se passa com as pessoas no momento em que morreram?
Se eu soprar um apito para cães aqui neste instante, eu não ouviria, já que é para cães, que têm uma audição 10 vezes maior que a humana. O cão ouviria. Quer dizer que o som não existe? A morte pode ser uma frequência diferente da nossa. Em geral, as religiões têm fé, mas podem ser palpites. Essas hipóteses vagas se tornam fixas como fatos na mente. Somos máquinas de interpretar, mas não é exato. Somos os narradores não confiáveis da morte.