Em minutos espalhara-se a notícia: “Um turista do Ceará foi morto enquanto tomava sol em uma área verde próximo ao deque do Catussaba Resort Hotel”. Esperamos sempre o barulho característico das ondas com os olhos fechados para o cotidiano, desejando sempre a materialização do belo, mas um tiro? Um jovem de 29 anos? Senti um horror diante do que lia e que talvez não fossem estritamente os fatos reais. Parece que agonizar e morrer na praia precisamos crer no que é impossível. Detesto a morte.
Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois, o céu e o inferno nós já os conhecemos – cada um de nós em segredo quase de sonho já viveu um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte. Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano- que é o mais grave de todos do reino animal – quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha.
Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: este, este viveu, mas já estou com mais de sessenta anos, mas um jovem, em uma praia onde o existir é relaxar? Fiquei perplexo. Ali, parecia que o tempo transcorria mais devagar do que em outros lugares, como se aquele local fosse atravessado por um fuso horário paralelo, largado ao sol entre a piscina e a praia. Passarinhos cantavam nos galhos dos coqueiros. Parecia que o caos lá fora ficara, de uma hora para outra, muito distante; e era difícil acreditar que estava ali neste local criado para o lazer e a paz.