Todo domingo vou à missa das 11h30 com minha mãe. Sempre gostei quando as pessoas se reúnem sem precisar conversar. Se pudesse fazê-lo, imediatamente começariam a contar asneiras, fofocas, começariam a enrolar e se gabar. E assim, permanecem sentadas em fileiras, todas imersas em seus pensamentos, revendo aquilo que aconteceu recentemente e imaginando o que aconteceria num futuro próximo. Desta maneira, controlam suas vidas. À semelhança de todos, me sento no banco e caio numa espécie de devaneio. Penso preguiçosamente, como se os pensamentos viessem de fora de mim, das cabeças dos outros, ou talvez das cabeças dos anjos e santos de madeira alocados próximos de mim. Sempre vem à minha mente algo novo, diferente dos pensamentos que tenho em casa. Neste aspecto, a igreja é um bom lugar. Às vezes, tenho a impressão de que, se quisesse, poderia ler ali os pensamentos das outras pessoas, todas absortas na vida espiritual.
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