“Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um de acordo com o que tenha feito.” (Mateus 16.27)
Na fé cristã, não é o que sabemos que realmente conta no final, mas o que tivermos feito, nossas ações. Pois, na fé cristã, quem crê demonstra o que crê pelo que faz. A fé cristã não é uma experiência platônica, algo que vivemos em momentos de meditação e de fuga desta vida. É uma fé que discute conosco e questiona nosso modo de vida aqui e agora. Que nos pergunta sobre o tempo e os recursos que temos e o que fazemos deles. Pois quando o Reino de Deus alcança uma pessoa e ela decide viver pela fé no Filho de Deus, então, não há dúvida alguma, começam a acontecer mudanças. E essa pessoa poderá desfrutar tudo de bom que essa vida lhe possibilitar, ao mesmo tempo em que saberá doar-se e servir a Deus, priorizando o Reino e colocando cada coisa em seu devido lugar.
John Stott em sua belíssima obra “Ouça o Espírito, Ouça o Mundo” diz que o cristão é, de fato, a única pessoa que realmente pode viver como mundano. Ele usa o termo “mundano” num sentido diferente. Mundano é usado para significar alguém que mantém uma relação saudável com este mundo e seus prazeres. Que sabe desfrutar os prazeres desta vida sem comprometer seu compromisso com o Reino de Deus. Alguém que não se sente culpado por possuir bens e pelas oportunidades de desfrutar coisas belas e boas, mas cuja fé o faz cuidadoso e equilibrado. Assim, em sua agenda e em suas atividades, ele não vive só para si mesmo e nem somente para o aqui e o agora. Ele serve, ora, lê as Escrituras, mantém comunhão com irmãos, reúne-se como igreja e pratica muitas outras coisas que apoiam sua vida cristã e confirmam a fé que tem.
Uma das marcas de se viver em submissão ao Espírito Santo de Deus é o equilíbrio ou domínio próprio (Gl 5.22-23). Paulo chama essas marcas de “fruto do Espírito”. O Espírito Santo nos levará sempre a viver como pessoas ligadas ao Reino de Deus, cujas prioridades e estilo de vida estão se conformando à vontade de Deus. Porque há religiões e igrejas que escravizam pessoas às suas agendas e as enchem de culpas, muitos pensam que viver para Deus é não ter direito a nada e estar fadado ao sacrifício e à negação como única forma de honrá-lo. Esse é o tipo de mentalidade que adultera a fé e forja hipócritas e fariseus. O que fazemos importa muito para Deus. Não devemos viver sem buscar sua influência, para que vivamos vidas que o honrem, como pessoas livres e ao mesmo tempo submissas. Que encontrem tempo para si, para o outro e para Deus. Que celebrem o aqui e anseiem pelo lá. Que saibam lidar com o que tem porque entendem que seu maior tesouro é Cristo. No fim, nossas obras serão nossa fé.