Minha avó, aquela menina, não havia completado os vinte anos quando morreu dando à luz a caçula, tia Terezinha. Moravam no chalé de meu avô e seis filhos Bernadete, Aldemir, Antônio (meu pai), Neide, Neuza, Terezinha.
Meu avô ficou muito triste e para cuidar do Chalé chamou a irmã Nira, o chalé é uma casa de salas amplas. Meu pai cresceu no chalé, quando minha avó faleceu meu pai tinha cinco anos. Meu pai escreveu o livro “O Chalé”, na página 19 tem escrito: “Poucas são as recordações que tenho de minha mãe, pois faleceu antes que eu completasse seis anos de idade. Todos – eu e meus irmãos – éramos crianças. A mais velha tinha oito anos e a caçula acabava de nascer, tinha 27 dias de vida. Éramos seis… Éramos 8 (com os pais).
Minha mãe nasceu em 14 de junho de 1906, filha de Elias Marques da Silva e de Mariana Borges Nonato Marques. Era magra, franzina e de baixa estatura. Tinha a pele branca, os olhos vivos e olhar expressivo. Estudou em Salvador, foi interna no Colégio Religioso dos Perdões, situado no bairro de Santo Antônio, além do Carmo. Formou-se em professora. Concluiu os estudos voltou a Queimadas; sua mãe já havia falecido, morou com seu pai e a madrasta, tia Milita, com quem meu avô Elias se casou em segundas núpcias. Meus pais eram primos em primeiro grau, casaram-se em 24/09/1925 e passaram a morar em uma imensa mansão conhecida como Chalé. Ainda estudante e bem jovem discursou saudando Ruy Barbosa em sua, passagem por Queimadas, na campanha política pela disputa da Presidência da República. Faleceu em consequência do parto , quando foi acometida de processo infeccioso puerperal. Na época não existia antibiótico ou outra medicação eficaz. Seus padecimentos duraram 28 dias. Pressentiu a morte e ao meu pai externou preocupações com o futuro dos filhos. Apesar da tenra idade, ainda guardo boas lembranças da convivência que tínhamos. Fui muito apegado a ela. Procurava sempre estar a seu lado.”
Como vejo a vida é incontrolável e situações que são consideradas como algum tipo de mal surgirão.
Hoje após escrever este texto, já é noite, e ela está clara e serena; os milhões de estrelas que cintilam parecem rir dos milhões de angustiados da terra, pois viver é tanto luz como também sombra.