Memórias do cárcere

Memórias do cárcere

Detido sem acusação, Graciliano Ramos de Oliveira narra no livro “Memórias do cárcere” a nossa miséria democrática. Mostra a precariedade de nossa democracia.

Nestes dias que antecedem as eleições municipais vivemos com a famosa sabedoria da serpente, que são os políticos misturados a inocência da pomba, que é o povo.

Sinto o coração tranquilo e seco, como quando me vejo diante de espetáculos que não me comovem. No horário político, tanto candidato sorrindo e preocupado com a aparência, pouquíssimos têm alguma densidade nas propostas.

Aparecem com pronomes engraçados para atingir o carisma da população. O que é triste, porque nada define mais densamente, e de forma mais duradoura e consistente a imagem de um cidadão do que sua educação, que é o esteio da cidadania.

Só um político que compara, reflete, pensa pode representar bem a todos nós. Desvios à esquerda, desvios à direita… Pouco partidário, pouco autocrático ou demasiadamente radical, demasiadamente anarquista, falsos princípios, sentimentos burgueses.

Alguns poucos minutos na TV, mostrando engajamento em bairros pobres, tentando purificar os cidadãos mediante as comoções da alma, e sempre com palavras em excesso.
Elucidativos são os atos e não as promessas. Mas, nestes dias os políticos estão espantosamente obstinados em conseguir seu voto.

Penso que o voto torna visível o ideal. No voto resplandece diante do cidadão a verdadeira ordem do mundo, resplandece o mundo ideal. Mas sobre todos nós desce o véu opaco que recobre a natureza humana, a cegueira que ofusca os defeitos dos candidatos.

Não existe bússola é sempre uma estrada até um destino desconhecido. No dia da eleição, o que há de mais real está coberto por um tecido e essa capa é percebida como a própria realidade, até algo abrir um buraco nela e revelar a verdadeira natureza dos políticos ao longo dos seus mandatos, pois o poder revela a real intenção e vai além do comum, é a fragilidade do povo que dá perspectiva já que o poder não tem identidade íntima só o cidadão.

No fim, estamos todos perdidos nesta nossa miséria democrática mas ainda é o melhor dos sistemas políticos.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.

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