Sou uma pessoa que, desde que me lembro de mim, só tenho vivido para passar por experiências, todas me fascinam os momentos bons e os ruins. Como se todas as recordações fizessem parte de meu presente no silêncio que agora me rodeia.
Minha vontade de ver, ouvir e sentir, é vida! Convenci-me de que tenho medo e coragem, medo de desaparecer com os filhos pequenos e agora a coragem de enfrentar a velhice. Assisto ao meu perigo, enquanto meus amigos se perdem dentro, no meio e em volta de si mesmos. Vejo pessoas morrerem com apego. Outras, mais dóceis e, talvez, mais espertas, clamam por Deus em nome de filhos, parentes, de sangue e de amor. Hoje, após sessenta e seis anos, em tudo, eu só sinto a beleza da vida e vejo que nada é tão de mau gosto quanto morrer.
No instante fugaz em que o espírito se desprende, não corro risco de me perder em qualquer despenhadeiro do vasto universo. O visual é cósmico, tal é a paz de espírito que nos invade.