Estive em Veneza, uma cidade que não tem carro nas vias, o transporte é por gôndolas, e cenário d e muitos filmes, o universo de máscaras é grande, e tem um carnaval famoso por seu uso. Veneza é uma cidade de máscaras que se vendem o ano inteiro, mas penso que as máscaras moram dentro de nós como entidade do nosso psiquismo. Todas às vezes que olhamos para um rosto e ele nos parece misterioso, lugar onde um segredo se esconde, estamos pressupostos que ele não é um rosto, mas uma máscara, uma dissimulação.
A imagem que construímos de uma pessoa esta distante de sua identidade. Por identidade, que tem o adjetivo latino, idem, o mesmo, seguido do sufixo dade, no sentido de atribuir uma qualidade. Identidade é assim, o caráter, a verdade de uma pessoa, traduzida por sua história, valores, e princípios, sua profissão e suas crenças. Já a imagem (máscara) é a projeção da identidade, o conceito que acreditamos existir na pessoa. Isso já é sabido de longa data.
Está dito na palavra “pessoa”, que vem do latim “persona”, que quer dizer “máscara de teatro”. O público vai ao teatro para ver a “máscara”, “a representação” de um papel. Não interessa o rosto verdadeiro por detrás da máscara.
Nada é o que se imagina, a vida é uma enchente de traduções de anseios do coração e os aspectos imutáveis do mundo físico. Acredito que nada pode ser ao mesmo tempo, contado e exato. Palavras frágeis são largadas, a todo momento, sobre o tecido grande e esticado de uma vida com todos os nós e imperfeições que existem.