Uma pesquisa publicada nesta terça-feira (1º) aponta que as máscaras de pano não são suficientes para proteger contra a transmissão do coronavírus pelo ar. Isso porque a maior parte do ar respirado através delas não é filtrado, podendo carregar consigo partículas contendo o vírus.
Para chegar a essa conclusão, cientistas da Alemanha da Inglaterra e da França analisaram a capacidade de tecido de filtrar partículas muito pequenas, de um micrômetro – um milésimo de milímetro – de tamanho. Eles analisaram imagens 3D produzidas por microscopia para enxergar os canais de fluxo de ar.
O estudo concluiu que, para partículas com diâmetro de 1,5 micrômetros, a eficácia do tecido ficou entre 2,5% a 10%. A pesquisa foi publicada na revista “Physics of Fluids”.
Várias pesquisas anteriores já haviam apontado as máscaras do tipo PFF2 – equivalentes às N95 americanas – como as mais eficazes na proteção contra a transmissão do coronavírus. Elas oferecem quase 100% de proteção contra partículas muito pequenas.
Segundo os autores, a novidade deste estudo é ser o primeiro a simular partículas passando diretamente pelas lacunas no tecido (veja detalhes mais abaixo).
As simulações de fluxo feitas pelos cientistas sugeriram que, quando uma pessoa respira através do tecido, a maior parte do ar flui através das lacunas entre os fios do tecido, trazendo consigo mais de 90% das partículas.
“Em outras palavras, essas lacunas relativamente grandes são responsáveis pelo tecido ser um material ruim para fazer filtros de ar”, disse Sear.
“Em contraste, a camada de filtragem de uma máscara N95 é feita de fibras muito menores, de 5 micrômetros, com lacunas 10 vezes menores, tornando-a muito melhor para filtrar partículas desagradáveis do ar, como aquelas que contêm vírus”, explicou.
Boas máscaras, declarou Sear, devem ter duas qualidades: boa filtragem e bom ajuste. É pela questão do ajuste que as máscaras cirúrgicas, apesar de terem boa filtragem, acabam sendo menos ideais que as PFF2 fixadas na cabeça.
“Máscaras cirúrgicas se encaixam mal, então muito ar não é filtrado pelas bordas da máscara, pelas bochechas e nariz”, lembrou Sear.
Fonte: G1