Marina quer que Aécio abandone uma de suas principais bandeiras de campanha, a redução da maioridade penal
Revisão da defesa da redução da maioridade penal, o desengavetamento da política de demarcação de terras indígenas e unidades de conservação e o estabelecimento de metas de assentamento para reforma agrária: são essas as principais exigências de Marina e sua Rede para apoiar formalmente Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais.
Marina e seu grupo exigem do tucano uma sinalização clara à esquerda, o que inclui o abandono de uma de suas principais bandeiras de campanha, a redução da maioridade penal, hoje de 18 anos. “Essa manifestação e a resposta que ela obtiver serão fundamentais para minha manifestação individual, que será feita oportunamente”, escreveu Marina na carta, lida ontem na reunião de partidos aliados, em Brasília.
Marina era esperada, mas não apareceu, surpreendendo os aliados. PSB, PPS, PRP, PHS, PSL já anunciaram a preferência por Aécio. Hoje, integrantes da Rede entregam a lista ao candidato do PSDB. Ontem, Aécio disse que a aliança “deve ser sobre o essencial” e indicou que não pretende abrir mão de propostas. Além dos aliados de Marina, Aécio também já recebeu o apoio do PSC, do Pastor Everaldo, do PV, de Eduardo Jorge, e do PSDC, de Luiz Eymael, além de setores do PMDB.
Ontem foi a vez do candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, que vai disputar o segundo turno com o petista Tarso Gerso anunciar apoio ao candidato do PSDB. O governador eleito do Mato Grosso, senador Pedro Taques, do PDT, também está com Aécio.
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff não recebeu apoios formais de nenhum novo partido.
O Psol, de Luciana Genro, chegou perto: recomendou voto nulo, branco ou Dilma no segundo turno. Integrantes do Psol, contudo, já anunciaram apoio à candidata do PT: reeleito com mais de 100 mil votos pelo Rio, o baiano Jean Wyllys declarou voto em Dilma; o deputado estadual mais votado no estado, Marcelo Freixo, também. O PSB no Acre anunciou apoio a Dilma e ao candidato do PT ao governo Jorge Viana.
Partidos na Bahia começam a escolher lado
Os partidos na Bahia começam a articular os apoios do segundo turno presidencial. O cobiçado PSB, partido da senadora Lídice da Mata, tinha reunião na noite de ontem para decidir seu caminho, mas até 23h, o encontro não terminara. PV e PSC baianos seguirão a orientação nacional por Aécio. A Rede, partido em fundação de Marina Silva, também vai apoiar o tucano na Bahia.
A decisão não agradou a todos. Diretor da Rede, Júlio Rocha se colocou contra a decisão. “Não lutei toda minha vida política para acabar como coadjuvante do modelo de direita”, disse em texto no Facebook. Recentemente rompido com a base do governo na Assembleia, o PSL ensaia aproximação com Rui Costa e apoio a Dilma.
O PRB, que aliou-se a chapa da oposição na Bahia, deve apoiar Dilma, segundo a deputada federal eleita Tia Eron. “Fechado não está, mas é a tendência mais forte”, assinalou. Além destes, o PP deve seguir com a petista.
Ibope e Datafolha: vantagem de 46% a 44% aponta para empate técnico
A primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo no 2º turno da disputa presidencial mostra o tucano Aécio Neves com 51% dos votos válidos e a petista Dilma Rousseff com 49%. Ambos estão em situação de empate técnico, já que a margem de erro é de 2 pontos percentuais. O universo dos votos válidos exclui brancos, nulos e indecisos. Nos votos totais, o placar é de 46% a 44%. Há ainda 4% que não sabem dizer quem escolherão e 6% dispostos a votar em branco ou nulo. O levantamento mostra que Aécio herda 64% dos eleitores de Marina Silva (PSB) no 1º turno, enquanto Dilma fica com apenas 18%.
O tucano colhe seus melhores resultados na Região Sul, onde lidera por 61% a 33% dos votos totais. No Sudeste, ele também está à frente: 48% a 38%. No Norte/Centro-Oeste, há empate técnico: 46% para Aécio e 43% para Dilma.
No Nordeste, a petista venceria por 59% a 32%. A intenção de voto em Aécio cresce à medida que aumenta a renda dos eleitores: 33% entre os que ganham até um salário mínimo, 36% entre os que recebem de um a dois, 51% na faixa de dois a cinco e 63% acima disso. Com Dilma, a progressão é inversa: 58%, 52%, 39% e 29%, respectivamente.
Os dois concorrentes estão empatados no eleitorado católico: 46% para a petista e 44% para o tucano. Entre os evangélicos, Aécio lidera: 49% a 39%. Apenas 11% dos eleitores dos dois candidatos admitem repensar o voto – para 85%, a decisão é definitiva.
Dillma ainda tem a maior taxa de rejeição: 41% não votariam nela de jeito nenhum. Outros 33% respondem o mesmo em relação a Aécio, e 18% dizem poder votar em ambos. Dilma é vista como favorita por 49%; 40% dizem acreditar que o tucano será o vencedor. O Ibope ouviu 3.010 eleitores dias 7 e 8.
Datafolha
A pesquisa Datafolha aponta exatamente os mesmos resultados na intenção de voto no segundo turno: Aécio com 46% e Dilma, 44% dos votos totais. No Datafolha, são 4% de brancos ou nulos e 6% de indecisos. Nos votos válidos, o resultado também repete o Ibope: Aécio, 51%, Dilma, 49%. O Datafolha ouviu 2.879 eleitores nos dias 8 e 9. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Fonte: Correio, com agências