Segundo coordenador da Rede, anúncio oficial ocorrerá neste sábado (5).
Apoiadores de Marina poderão se filiar ao PSB e depois migrar para a Rede.
A ex-senadora Marina Silva deve anunciar ainda neste sábado (5) uma aliança com o PSB para disputar a eleição de 2014 ao lado do presidente da sigla, governador Eduardo Campos (PE). Segundo um dos principais auxiliares de Marina, Bazileu Margarido, ela também se colocou à disposição para se candidatar à vice-presidente, numa chapa encabeçada pelo pernambucano.
A aliança foi costurada entre a noite desta sexta e a manhã deste sábado. Ainda durante a noite, Eduardo Campos desembarcou em Brasília para propor a união, depois que a Rede Sustentabilidade, fundado por Marina, teve o registro negado pela Justiça Eleitoral na quinta (5).
“Ela vai se filiar ao PSB. Na entrevista, vai colocar quais são as condições, como vai acontecer. Ela tem essa disposição se ser vice”, disse Margarido.
Segundo interlocutores, pesou na decisão o desejo comum de Eduardo Campos e Marina de construir uma “terceira via” no cenário político, que fuja da polarização entre PT e PSDB, consolidada nas últimas eleições presidenciais. Tal visão foi expressa pela própria Marina numa entrevista à imprensa nesta sexta.
“A gente tem que quebrar a polarização ‘oposição por oposição’, ‘situação por situação’. Devemos pensar no país”, disse na ocasião.
Ainda pela manhã, Marina se reuniu com o presidente do PPS, Roberto Freire, para comunicar a proposta e tentar compor uma aliança. Freire, no entanto, que havia oferecido o PPS para Marina concorrer ao Planalto, não se comprometeu com o apoio e manifestou posição crítica à aliança.
Segundo Margarido, militantes e apoiadores de Marina que quiserem se candidatar nas eleições do ano que vem poderão se filiar ao PSB e, posteriormente, migrar para a Rede Sustentabilidade, quando ela for registrada. O novo partido foi desautorizado por não apresentar cerca de 50 mil assinaturas válidas de apoio para atingir o mínimo, de 492 mil.
“Será uma filiação democrática e transitória. Democrática, porque, dentro do PSB, os militantes da Rede vão poder ter total independência para se posicionar politicamente como quiserem, não vão precisar se submeter às decisões do PSB. E transitória porque ao final poderá se migrar para a Rede, sem perder o mandato”, disse o dirigente da Rede.
Segundo Margarido, isso valerá para qualquer cargo, “inclusive” para a própria Marina, caso se eleja junto com Eduardo Campos.
Programas e partidos
O coordenador da Rede confirmou que no acordo entre Marina e Eduardo ficou acertada uma “convergência” dos programas partidários de cada partido. Isso inclui incorporar ao PSB propostas já preparadas pelo grupo da ex-senadora, identificada com a defesa do desenvolvimento sustentável.
“O importante é que os dois partidos têm programas de verdade, são partidos que têm discussão rica interna. Essa foi inclusive um aspecto importante para essa coligação. Foi identificado que o PSB tinha a maior identidade programática com a Rede. Agora vamos nos debruçar sobre isso e buscar a convergência”, diz Margarido.
Desde que teve negado o registro da Rede para concorrer em 2014, Marina recebeu convite de várias siglas, como o novato PEN e integrantes do PTB, além do próprio PPS. Segundo Margarido, a partir de agora, Marina e Campos vão buscar mais aliados para fortalecer a campanha do ano que vem.
Questionado sobre a reação de quem esperava ver Marina presidente, Margarido disse que a militância vai ser sensível à decisão de compor com o PSB. “Existe um desejo grande de consolidar a candidatura da Marina. Agora, pela Rede, a candidatura foi cassada pela Justiça Eleitoral. Não tem como escapar”, afirmou.
Fonte: Renan Ramalho, Fabiano Costa e Felipe Néri/G1