“Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta.” (Filemom 1.18)
Para que nossa fé seja realmente viva, seja realmente uma expressão do Evangelho, precisamos sair do campo das ideias, dos conceitos de Deus e da vida, e nos dirigirmos uns aos outros para servir e apoiar. É o que vemos Paulo fazendo nesta carta. Ele cuidou de Onésimo. Agiu para que a vida dele entrasse num novo momento. Paulo foi o seu apoiador e financiador. Não envolveu dinheiro, mas coisas muito mais preciosas e duráveis. Onésimo recebeu acolhimento do apóstolo, que poderia não se ocupar dele, mas o fez. Recebeu ajuda para tomar decisões melhores do que as que haviam tomado até então. Paulo agiu amorosamente com aquele escravo com quem, certamente, poucos se importariam.
Precisamos ter cuidado. Nossa fé corre o risco de perder a vida e resumir-se apenas atividades que satisfaçam nossa consciência religiosa, normalmente centrada na vontade própria – o que eu gosto! Corremos o risco de ficar satisfeitos porque “não somos como os demais homens”, a exemplo do fariseu no templo, personagem da parábola de Jesus (Lc 18.11). Corremos o risco de viver entretidos com nossos afazeres litúrgicos, cantando, tocando, pregando e ao mesmo tempo desatentamente deixando passar um caráter que pouco demonstra amor e compromisso com o corpo de Cristo. Que ocupa-se de estar satisfeito e não de servir, que mais facilmente e habilmente exerce juízo que misericórdia. Precisamos ter cuidado para não fazer de nossa fé algo que ocupe tanto o nosso tempo que não tenhamos tempo para verdadeiramente estar com Deus e manifestar o Seu Reino. Precisamos ter cuidado para que nossas prioridades, o que importa para nós, não se revele um impedimento para percebermos o que importa para Deus, a quem dizemos servir e desejar honrar.
O que temos feito motivados por nossa fé? Inspirados pelo Evangelho de Jesus? O que temos feito? O que sempre fizemos e nos treinaram para fazer?! O que nos acostumamos a fazer?! E estamos satisfeitos com isso? E Deus? Ele está? Jesus dirigiu a seguinte crítica aos fariseus: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.” (Mt 23.23). Os prefeitos mais importantes da lei! Estamos sendo cuidadosos? O que temos praticado e o que temos omitido? Às vezes não estamos fazendo o mal, mas estamos limitados no bem. Satisfeitos com o que importa aos nossos olhos e pronto. Isso nos enfraquece como cristãos e como igreja. Examine-se em oração. Talvez haja ajustes a serem feitos. Faze-los será uma benção. Para você, para outros e para sua igreja!