Mãe perde filho e denuncia hospital regional de Eunápolis por omissão

Da Redação

Um problema muito sério aconteceu no mês de fevereiro envolvendo o casal Alan e Rosilene, no Hospital Regional de Eunápolis. Grávida, D . Rosilene procurou o Posto de Saúde, que ficou por 3 meses fechado. Alega ela que, por recomendação da médica do Posto, procurou o Hospital Regional e se queixa que não foi devidamente atendida. A reportagem do O SOLLO ouviu D. Rosilene, que, emocionada, narrou os fatos que culminaram com a morte do seu bebê.

O Sollo – D. Rosilene, o que realmente aconteceu, já que a senhora afirma que desde o seu pré-natal não foi bem atendida? Quantas vezes a senhora passou pelo médico ou pela médica durante o pré-natal?

D. Rosilene – Passei por duas vezes.

O Sollo – E nas outras vezes, o que acontecia?

D. Rosilene – Eu passava pela enfermeira, ela me pesava e media a pressão e aí eu entrava no consultório da médica. Ela me perguntava se estava tudo bem, anotava o peso. Isso tudo era feito pela enfermeira. Só duas vezes passei pela médica.

O Sollo – Na hora do parto, em que a senhora começou a sentir dores, a quem a senhora procurou?

D. Rosilene – Procurei o Hospital Regional, pois o Posto estava fechado. Numa das vezes em que a médica me atendeu, ela me disse que se eu estivesse sentindo alguma coisa, que fosse para o Hospital Regional. Quando eu sentia dor na barriga, ia para o Regional, eles me davam remédio e eu voltava para casa.

O Sollo – Por quanto tempo o Posto ficou fechado?

D. Rosilene – Três meses.

O Sollo – Nesse tempo, a senhora grávida, não pôde passar pelo médico. Como eles faziam no Hospital?

D. Rosilene – Eu sentia dores, ia ao Hospital, eles me davam remédio e eu voltava para casa. A dor voltava com o tempo e eu ia de novo.

O Sollo – Ao final da gravidez, a senhora sentiu que a criança estava normal?

D. Rosilene – Da última vez que eu fui, dia 7 de fevereiro, já me sentia diferente, a criança pesada e sem movimento. Voltei do Hospital, segurando a barriga, mas tive que voltar de novo. O médico me passou uma injeção de Diclofenaco e me mandou tomar Metformida e Buscopan Composto. Aí ele me mandou voltar para casa e afirmou que a data estava certa e era para eu voltar na semana seguinte. Retornei no dia 13 e aí já era outro médico. Entrei na sala dele e ele me perguntou se estava na hora de ganhar e eu respondi que achava que sim. Ele fez o toque e me disse que ainda ia demorar muito. Ele pediu uma ultrassom, eu fiz a ultrassom e o resultado mostrou que o feto estava morto. Aí ele me mandou para casa para pegar roupas e disse que estaria no Hospital até às 5 horas para me internar. Quando eu voltei de casa, ele me internou e ficou me dando remédio para estimular o nascimento normal, como não surtia efeito a minha família me tirou do Hospital Regional e me levou para o Hospital Ames, lá os Médicos fizeram a cesariana, já desta vez eu pagando particular.

O Sollo – Porque a senhora acha que perdeu seu filho?

D. Rosilene – Eu acho que foi por causa do remédio que o médico me passou. Depois do remédio eu passei a fazer xixi muitas vezes na noite e senti que aconteceu uma alteração. Falei para o médico que estava urinando muito à noite e que estava com medo de perder líquido pela urina. Ele me disse que não se perde líquido dessa maneira. Quando fiz a ultrassom no Regional, o médico de lá disse que não havia mais líquido algum. Eu não senti dor para tirar e não tinha mais líquido nenhum. Quando o feto saiu, através da cesariana, ele estava com as pernas descascando e o rosto bem roxo. Acho que se tivesse feito o pré-natal de maneira normal e tido mais atenção, a criança poderia ter sido salva.

O Sollo – Que sentimento fica com a senhora depois de toda uma gravidez e em seguida ter perdido seu filho dessa maneira?

D. Rosilene – Às vezes eu me sinto até culpada pelo que aconteceu. Talvez, se eu tivesse insistido, não tivesse vindo embora… sei lá.

O Sollo – Quantas semanas a senhora acha que durou essa gravidez?

D. Rosilene – Nas contas da médica, o feto completou 38 semanas no final de janeiro. Quando chegou em 13 de fevereiro, o médico disse que o feto tinha 42 semanas.

O Sollo – E você, Alan, como é que você fica sem seu filho?

Alan – Triste, não é? Em todos os sentidos fui prejudicado, eu e minha família. Para tirar a criança tive que pagar particular, um procedimento que custou R$ 4.000,00, que tive de conseguir de economias que guardava para outras necessidades.

O Sollo – O que a senhora gostaria de fazer agora, quando vê o secretário da Saúde na imprensa dizendo que a saúde de Eunápolis está bem, o que a senhora pensa disso?

Rosilene – Penso que a saúde de Eunápolis não está bem. O Regional está cheio de erros. Outro dia eu estava lá e chegou uma senhora que também tinha perdido o filho, depois de passar tempos sendo mandada para casa. A criança morreu e ela teve que fazer curetagem. Outro caso chegou da mesma forma: a mulher sentiu dores, foi mandada para casa e perdeu o filho. Eu acho que a saúde daqui está sendo pessimamente tratada.

O Sollo – Alan, você nos disse que tem vontade de entrar na Justiça. Como está essa situação?

Alan – Não tenho condições financeiras para isso e já sofri demais, muitas pressões, e agora vou deixar isso para lá.

O Sollo – Esse é o caso. A saúde pública de Eunápolis mostra uma face bem adversa da que está na propaganda oficial. Esse é o nosso quadro.

O jornal O Sollo encaminhou via email para a Secretaria de Saúde do município de Eunapolis o direito de contraditório, e até o fechamento desta edição, não deram nenhuma satisfação.

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