Madrugada

Madrugada

Em alguns domingos durmo às 18 horas, e acordo as duas da manhã, tranquilo como se estivesse despertando de uma tranquila insônia. E, ouço aquela música de ar que uma vez antes já tinha ouvido. É extremamente doce e sem melodia, mas feita de sons que poderiam se organizar em melodia. É flutuante, ininterrupta. Os sons como quinze mil estrelas. Tive a certeza de que estava cantando a mais primária vibração do ar, como se o silêncio falasse. O silêncio fala. Era de um agudo suave, constante, sem arestas, tudo atravessado por sons horizontais e oblíquos. Milhares de ressonâncias que tinham a mesma altura e a mesma intensidade, a mesma ausência depressa, madrugada feliz. Parecia um longo véu de som, com variação apenas de sombra e luz. Quando o silêncio se manifesta, ele não diz: manifesta-se em silêncio mesmo.

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