Acho que a literatura sempre implica uma espécie de abstração. É claro que quero ser visto e impressionar. É óbvio que espero elogios. É humano. Mas quando escrevo, penso em escrever algo que tenha valor por si mesmo. Quando leio um livro bom, ele altera um pouco o meu mundo interior, introduzindo descobertas inéditas.
Já li muitos livros, já escrevi três livros e muitos textos. A coisa mais temível do mundo é o tapete das palavras vazias, de quem agrada porque tem interesse, é o antiacolhimento. Os substantivos empilhados com pragmatismo também.
Na sintaxe da escrita, as frases precisam de preposição adequadas, conjunções encaixadas com zelo, verbos bem conjugados, adjetivos precisos. Há várias coisas belas no mundo que não é possível descreve-se, mas o ato de pensar é tentar transmitir sua visão de mundo, é eternizar sua vida.