“Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me; mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado, você, com quem eu partilhava agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus!” (Salmos 55.12-14)
A história humana é uma história marcada por traições. Elas acontecem entre empregados e empresas, entre amigos, entre cônjuges, entre líderes religiosos e as pessoas a quem servem… e acontecem nas duas direções, tanto de um para outro com do outro para o um. Só é traição porque havia um compromisso, ainda que tácito, mas uma das partes foi desleal. As dores são de várias intensidades e tipos, dependendo da relação. Mas a dor da traição é das piores.
O salmista a experimentou e seu desabafo serviu de profecia para a traição sofrida por Jesus. Sim, Ele também foi traído. Quando somos traídos ficamos confusos: frustração, ira, decepção, angústia, desesperança, etc.. É bom deixar a alma falar. Não é bom subir no pedestal da superioridade, “pagar de espiritual” e agir como se não tivesse sido ferido. Se a traição não faz a alma gritar é porque não valorizávamos a relação que foi traída. Ser cristão não é ser supra humano. Ao contrário.
Diante da traição precisamos de amigos, precisamos de silêncio, precisamos de Deus. Precisamos expor a ferida e deixar que receba um pouco de vento. Mas tão logo quanto possível precisamos ir nos ajustando, nos recompondo. Será preciso decidir o que fazer com a traição e com o traidor ou traidora. Por causa de quem Deus é podemos crer que superaremos e cresceremos. Talvez tudo volte ao normal, ainda que leve tempo. Talvez jamais volte. Mas será fundamental perdoar para ficar livre. Deus nos ajuda. Cicatrizes ficam, mas saímos melhores.