“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor.” (1 Pedro 1.3-4)
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia” (1 Pd 1.1). É com essas palavras que Pedro inicia sua carta. Os cristãos são chamados por ele de “peregrinos”. Não é fácil ser um peregrino. Depois de matar Abel, Cain foi punido por Deus e foi para a terra de Nobe – terra da peregrinação (Gn 4.16). Peregrinos têm mais incertezas que certezas, vivenciam mais mudanças que constâncias, mais desconforto que conforto. Certamente aqueles cristãos estavam vivenciando momentos difíceis e Pedro os lembra de que estão apenas de passagem.
Podemos ser mais fortes ou frágeis diante do sofrimento, mas ninguém sai dele sem marcas. Há dores de vários tipos e com várias consequências diferentes. Mas para todas elas o antídoto está na esperança viva ofertada pela grande misericórdia de Deus. Não se trata de um anestésico, mas de um fortificante: ela nos capacita. É esperança, não porque trata-se de uma chance, mas porque envolve espera. As coisas por aqui assumem ares de realidade, quando são apenas circunstâncias. Tudo pode mudar repentinamente, sem avisos. A esperança viva do Evangelho é imutável. Precisamos aprender a crer no que está por vir, nas promessas eternas feitas por Jesus. E a nos impressionar menos com as dores daqui, por causa das certezas e alegrias de lá.
Temos enraizado exageradamente nossa vida aqui, como se tudo fosse isso aqui. Como se toda possibilidade de realização em nossa história dependesse deste mundo: “ou sou feliz aqui ou jamais serei”. Não há dúvida de que a vida aqui é importante, mas é passageira e fugaz. E não é nossa única e última chance! É a menor parte de nossa existência! Não precisamos abrir mão da vida aqui, mas é um enorme erro ter apenas ela em mente. Jesus inspirou Seus discípulos a pensarem na eternidade (Jo 14.2) e é o que estamos precisando fazer também. Precisamos repensar o centro de nossa vida e ajuntar tesouros onde a traça e a ferrugem não destroem (Mt 6.20). Se toda nossa esperança estiver na vida aqui, muito cedo nos veremos em completo desespero.
ucs