Justiça militar da Bahia absolve PM gay acusado de deserção

Tenente Ícaro Ceita diz sofrer de depressão causada por assédio moral. PM da Bahia diz que não há perseguição contra orientação sexual

Justiça militar da Bahia absolve PM gay acusado de deserção
Ícaro Ceita em ato do movimento gay (Foto: Divulgação/Instituto Adé Diversidade)
O 1º tenente da Polícia Militar da Bahia Ícaro Ceita, homossexual assumido, foi inocentado de uma acusação de deserção pela Justiça Militar, no final de abril. Outro processo paralelo, também por deserção, foi descartado pela promotoria militar.

Ceita está afastado da corporação com um atestado médico que afirma que ele sofre de depressão. Segundo o tenente, causada pelo “assédio moral de alguns setores da Polícia Militar”.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar da Bahia informa que a corporação vai acatar a decisão e nega que Ceita tenha sido vítima de qualquer tipo de perseguição.

“Existiam fatos duvidosos, cabia uma apuração. A Polícia Militar tem a obrigação de investigar qualquer suspeita. A Justiça deu seu veredito, foi tudo esclarecido. Mas não existe nenhum tipo de perseguição ao tenente nem a qualquer pessoa por conta de sua orientação sexual”, afirmou ao G1 o chefe da unidade de imprensa da PM da Bahia, o capitão Marcelo Peppa.

O veredito foi dado por um júri formado por oficiais da polícia.

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O próprio tenente Ceita diz que confia na PM. “Não é a Polícia Militar como um todo que está contra mim. São alguns oficiais retrógrados e ultrapassados que ainda não chegaram ao século 21”, afirma.

Ele diz que não acreditava que sairia ileso dos dois processos. “Eu estava muito nervoso, sabia que iam jogar pesado contra mim. Eu tinha esperança e fé, mas achava que iam absolver em um e condenar no outro. Que bom que a justiça foi feita”, afirma.

Ceita deve se apresentar ao seu batalhão assim que o atual atestado médico expirar, no final do mês. Ele afirma que vai pedir para ser transferido para um setor mais burocrático.

“Vou pedir realocação para não ter que ir para a rua. Tenho medo. Já recebi ameaças”, diz.

“Minha família toda acha que eu deveria sumir, mudar de estado, parar de dar entrevistas. Mas sumir é uma faca de dois gumes. Acho que o Brasil precisa saber o que está acontecendo”, diz Ceita.

 

Fonte: Marília Juste / G1

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