Jugo suave

“Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.30)

Este verso me inquietou desde muito cedo. Por duas razões em especial: aquilo que aprendi sobre a vida cristã e sobre o que Jesus esperava de mim não me parecia nenhuma das duas coisas: nem suave e nem leve. Sentia-me muito cobrado, exigido. As afirmações sobre minha condição como ser humano eram majoritariamente orientadas a demonstrar minha inadequação e potencial para ser mal. É inegável a verdade sobre nossa corrupção, todavia não é somente essa a notícia do Evangelho e nem é a sua maior ênfase. O Evangelho trata também do meu valor aos olhos de Deus, de Seu amor por mim e de Sua capacidade de lidar comigo como sou, sem escandalizar-se. Outra razão era a agenda e deveres impostos pela igreja. Lembro-me de como me sentia culpado por não atender todas as obrigações, todos os chamados para fazer a obra do Senhor. E assim, nada me parecia leve.

Jesus é direto e muito claro em afirmar que andar sob Sua autoridade não é estar debaixo de alguém que age destruindo nossa autoestima e impondo obrigações. Sob sua autoridade ninguém é exigido ao limite todo o tempo. Não é lembrado o quanto não presta. Segui-lo e servi-lo não colocará em risco nossa sanidade, ao contrário. Ele é a revelação do Deus que descansou, que criou um mundo cheio de possibilidades que, como lemos nos  Salmos, “é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades.” E diz ainda que “como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.” (Sl 103.8-10;13-14) Aos poucos fui sendo levado a entender que seria necessário pensar melhor, repensar algumas coisas. Atitude que não era unicamente minha, mas também de muitas pessoas em quem pude reconhecer beleza, santidade e compromisso com Deus.

Mesmo sem pensar e alguns vezes pensando longamente, uma critica ao meu cristianismo, ao modo como orientava e testemunhava de minha fé, tornou-se inevitável.  Eu precisava conhecer e comprar a suavidade do jugo de Jesus. Uma suavidade que também nos torna suaves. Percebi que eu dizia que Deus é amor, mas muitas de minhas atitudes eram desprovidas de amor. Fui levado a admitir que minha fé havia feito de mim uma farsa em alguma medida, uma pessoa que nada entendia de pessoas e que interpretava a vida de modo simplista, que me levava a verdades rasas, mas que pensava serem profundas e inquestionáveis. Não é isso, definitivamente, o que o seguimento a Jesus faz a um pecador. Ele restaura, redime, dá paz. Ele substitui a inadequação por aceitação e isso produz transformação. O quanto o jugo de Jesus é suave? Ainda estou a caminho para descobrir. Mas já tenho certeza e tenho experimentado que de fato é suave. Cuidado para não estar indo à igreja e desviando-se de Jesus. Aconteceu comigo!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui