“Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: ‘Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?’ ‘Que coisas?’, perguntou ele. ‘O que aconteceu com Jesus de Nazaré’, responderam eles. ‘Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo. Os chefes dos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram; e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu.’” (Lucas 24.18-21)
Ao juntar-se aos dois discípulos no caminho do Emaús e ao fazer-lhes perguntas, Jesus estava muito mais tratando do modo como eles viam e compreendiam os fatos do que dos fatos em si. Os fatos, Ele sabia muito bem. Afinal diziam respeito a Ele. Os fatos eram que havia acontecido a crucificação e Jesus havia sido morto na cruz. Seu corpo havia sido colocando num sepulcro. Os discípulos estavam encolhidos, abatidos e estavam desistindo. A interpretação deles, e de todos em Jerusalém, era que tudo estava acabado, que tudo não havia passado de mais um movimento, como tantos outros, e que agora havia chegado ao fim. Aquele Mestre estranho, amigo de publicanos e pecadores, que não respeitava o sábado como os fariseus ensinavam e muito menos observava os costumes e rituais que os religiosos diziam ser indispensáveis, agora estava morto.
Jesus era o único que sabia o que realmente havia acontecido. Todos em Jerusalém estavam enganados. Todos estavam entendendo tudo errado. Todos estavam cegos. Não é preciso que sejam todos, apenas a maioria já se constitui numa poderosa influencia sobre nossas vidas. Mas às vezes será preciso escolher a minoria, será preciso optar pelo que não faz sentido para “todos”, pois será exatamente o caminho da verdade. Um dos livros da Bíblia que ensina claramente isso é o do profeta Daniel. Tanto ele quanto seus amigos precisaram fazer escolhas em que ficaram sozinhos. Mas não estavam sozinhos porque Deus estava ao seu lado. E como escreveu James Dobson, você e Deus sempre serão maioria! A fé cristã não é uma doutrina que aprendemos, mas um caminhar com Cristo, por meio do Espírito Santo, de modo que Ele nos conduza na direção que Deus quer. Algumas vezes pode ser que pareça aos olhos de todos um grande equívoco.
Jesus era o único que estava vendo o que realmente havia acontecido. Para aqueles dois discípulos o resumo dos fatos era: “Jesus era um grande profeta e demonstrou grande poder, tanto quando ensinava, quanto por seus atos. Mas nossos líderes o mataram. Chegamos a acreditar que Ele fosse o Messias. Mas três dias depois de sua morte só nos resta retomar nossas vidas!” Jesus passaria então a lhes mostrar que a morte não destruiu o Cristo, o Messias. Ela apenas iria revela-lo. A morte para o Messias não era o fim, mas o meio. Os discípulos não conseguiam entender este script. Eles precisariam aprender a crer e a confiar, mesmo sem entender. Por isso Jesus foi encontra-los no caminho. Ofereceu-lhes explicações, mas o que estava mudando tudo era Sua presença. O segredo de nossa vida não é o quanto conseguimos entender. Mas o quanto cremos e andamos no caminho com Cristo.
ucs