“Disse Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta’. Jesus respondeu: ‘Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai?’” (João 14.8-9)
Filipe, como um judeu, certamente conhecia a história de seus antepassados. O Antigo Testamento e as tradições dos anciãos. Conhecia, sem dúvida alguma, a história da libertação do Egito e Moisés, um dos maiores líderes de sua nação, alguém que falou com Deus face a face (Nm 12.8). E, de repente Jesus fala sobre conhecer a Deus (Jo 1.7). Diz que se eles o conhecessem verdadeiramente, conheceriam o Pai. Talvez Filipe tenha visto nisso uma grande oportunidade: poder ver a Deus, como Moisés viu! “Jesus nos faça ver o Pai, isso nos basta! Para nós será o máximo!” A resposta de Jesus talvez não tenha agradado: “Quem me vê, vê o Pai.”
Jesus, de fato, não se parece com Deus. É simples demais, é servo demais, é amoroso demais. Não se dava ao respeito, mas envolvia-se com gente pobre, simples e “pecadora”. Não reivindicava poder, nem mesmo assumiu o controle do templo! Mas, contra toda lógica, contra toda razoabilidade, ali estava a mais perfeita manifestação de Deus aos homens. “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hb 1.3). “Filipe, não há nenhuma outra possibilidade de conhecer o Pai, senão conhecendo a mim! Ninguém vem ao Pai, Filipe, senão por mim! Mostrar o Pai a vocês é tudo que tenho feito e vocês não conseguem perceber!” – é o que Jesus estava dizendo a Filipe.
Paulo disse que Jesus era loucura para os gregos e escândalo para os judeus (1Co 1.23). Loucura porque contradisse a lógica, a razoabilidade. Escândalo porque enfraqueceu demais o grande Deus que tinham em mente! O que Ele é para nós? Dois mil anos depois Ele parece ser ainda mais loucura e escândalo do que no início. A simplicidade da fé nos parece pouco demais. Parece haver alguma coisas errada com a graça que Ele nos trouxe. Ainda estamos apaixonados pela Lei. É difícil aceita-lo como Ele é, não porque nos pareça demais, mas porque nos parece pouco! O mandamento que nos entregou (amem a Deus mais que tudo e ao próximo como a si mesmos), não é prioridade. Estamos obcecados ainda por “ver Deus”, receber bênçãos, ter autoridade, e tantas outras coisas que mais relacionam-se com nosso ego do que com o Reino de Deus. E nem nos damos conta! “Creiam em Deus; creiam também em mim”, disse Jesus. Quando vamos realmente crer?