A praga mosca-negra-dos-citrus (Aleurocanthus woglumi Ashby) vem preocupando os órgãos ligados à agricultura, no Sul da Bahia, devido à presença de focos e estragos desse inseto, na região, principalmente em laranjais, limoeiros, banananeiras, mangueiras, mamoeiros, e até em jaqueiras. Mais de 300 espécies de vegetais podem hospedá-la, acarretando, o murchamento e até a morte da planta.
Um dia de campo sobre o tema foi realizado, na Associação dos Pequenos Produtores e Posseiros da Roça do Povo, em Itabuna, nesta segunda-feira, 5, pela Gerência Regional de Itabuna, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), em conjunto com a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adab), ambas vinculadas à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri).
As atividades, desenvolvidas com o apoio da secretaria municipal de Agricultura e a Comissão Executiva de Recuperação da Lavoura Cacaueira (Ceplac), tiveram como objetivo geral ensinar aos técnicos dos órgãos envolvidos, que trabalham com assistência técnica e defesa vegetal, e aos agricultores familiares, a reconhecerem, controlarem e prevenirem a disseminação dessa praga, na região, e em outras que são fortes produtoras de frutas cítricas
Pela manhã, o público participou de palestras sobre o assunto e visitou algumas propriedades rurais, acompanhado de técnicos que já vêm estudando o assunto desde o ano passado, para identificar a presença da praga, nas plantas. À tarde, o grupo aprendeu a preparar a calda de pulverização, empregada no controle químico da praga, feita com inseticida e água. Em seguida, utilizando Equipamento de Proteção Individual (EPI), os participantes aplicaram o produto, direcionando-o a copa da planta.
O controle da praga pode ser realizado, também, com a utilização de podas para reduzir a população da mosca-megra, na planta. Outra ação importante é conscientizar os agricultores a adquirirem apenas mudas certificadas (fiscalizadas pelos órgãos governamentais) e produzidas no território do Estado da Bahia.
“Os produtores que identificaram a mosca-negra, podem entrar em contato com a EBDA ou a Adab, que têm escritórios em quase todos os municípios da região Sul da Bahia, com equipes técnicas preparadas para combater a praga ”, ressaltou o Gerente Regional da EBDA, Franklin Passos.
A coordenadora regional da Adab, Catarina Sobrinho Matos, lembra que a região Sul da Bahia não é grande produtora de frutas cítricas, porém é preciso fazer o controle da praga para que ela não venha afetar programas de geração de renda, como o de Aquisição de Alimentos (PAA), em que os governos estadual e federal compram os alimentos da agricultura familiar. “Percebemos que o produtor está perdendo na qualidade dos frutos e também na produtividade, já que a praga provoca redução da frutificação, com perdas que variam de 20 a 80% . Essa praga precisa ser freada”, falou Catarina.
A presidente da Associação Roça do Povo, Edineide Rosa, agradeceu o apoio dos órgãos no combate a essa praga e informou que a mosca-negra já vem causando prejuízos, inclusive na propriedade rural dela. “A gente está preocupado com a mosca-negra. Estou perdendo coco, laranja, por causa dessa praga”, disse a agricultora, conhecida como Neide da Roça do Povo.
Essa força-tarefa, formada por técnicos dos órgãos ligados à agricultura, que atuam no Sul da Bahia, será estendida a toda zona rural de Itabuna, para dizimar a praga. O primeiro foco da mosca-negra, na região Sul do Estado, foi identificado, há exatamente um ano, na Universidade Estadual de Santa Cruz, porém, desde o mês de julho de 2010, o município de Teixeira de Freitas, no Extremo-Sul da Bahia, apresenta estragos causados pelo inseto.
Danos
A Mosca Negra alimenta-se de grandes quantidades de seiva elaborada, concorrendo com a planta pelo alimento produzido, e por isso, pode causar definhamento lento do hospedeiro levando a planta à morte. Além disso, excreta gotículas açucaradas sobre as folhas constituindo substrato excelente para o desenvolvimento de fungos simbiontes, como por exemplo, a Fumagina Capnodium sp., que reveste totalmente as folhas inibindo a respiração e a fotossíntese da planta.
De acordo com a legislação agrícola federal, a mosca-negra-dos-citros está classificada como praga quarentenária A2 (com ocorrência nos Estados do Sudeste), impedindo a comercialização de produtos vegetais provenientes dos Estados em que a praga está concentrada.
Fonte: Ascom da EBDA